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Economia
Domingo - 02 de Junho de 2013 às 14:18

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A agenda carregada de indicadores da semana que vem dificilmente conseguirá tirar o Ibovespa da lama, dado que o ambiente no qual vivemos, de crescimento fraco, com inflação alta, a tão falada e temida estagflação, não vai se alterar por conta de um ou outro número um pouco mais positivo, seja ele em termos doméstico ou internacional.

"Se você pega as notícias do Brasil, são todas muito ruins, já há bastante tempo, e isso deve continuar. Temos aumento dos juros, da inadimplência, o consumo das famílias está no limite. O crescimento via consumo acabou", lamenta Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da Icap Brasil. "Não há agenda que mude esse ambiente interno", acrescenta.

Um dos eventos mais aguardados dos próximos dias para o mercado será a divulgação do ‘payroll" americano.

No entanto, chegamos a um ponto onde o ruim passa a ser bom. Newton Rosa, economista-chefe da Sul América, explica. "Se por acaso os dados continuarem refletindo um fortalecimento da economia americana, vai alimentar a ideia de redução dos estímulos, o que é ruim para a Bolsa. Teoricamente, o ruim é bom", fala o economista em tom jocoso.

O Ibovespa vai abrir na próxima segunda (3/6), destaca Rosa, digerindo o PMI industrial da China de maio que será divulgado nesta sexta-feira (31/5) à noite. Em abril, o índice já se posicionou perto da faixa limite dos 50 pontos que separa a contração da expansão do segmento.

Caso o dado decepcione, irá afundar ainda mais ativos como o da Vale, que nesta semana, impactado por notícias ruins sobre a demanda por commodities, retrocedeu às mínimas de 2009.

"As Bolsas lá fora deixaram as máxima de 2008 para trás, e a do Brasil só cai. Estamos cerca de 30% abaixo dos níveis de 2008", nota Oliveira, da Icap. "Com as notícias que temos produzido, o país não consegue aproveitar os ventos positivos do exterior", completa.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou em 0,6% no primeiro trimestre, enquanto o mercado esperava algo ao redor de 1%, e o Copom subiu a Selic em 0,50 ponto, para 8% ao ano, enquanto parte dos agentes entendia que a alta seria mais moderada, justamente para não prejudicar o modestíssimo avanço da atividade.

A inflação elevada corroeu o poder de compra das famílias, e o Banco Central (BC) optou por uma atitude mais agressiva, para tentar reverter esse quadro tenebroso que se desenha à frente.

"Dias de alta do Ibovespa vão acontecer, mas não consigo ver uma mudança estrutural maior. A tendência é continuar com uma grande volatilidade, dentro de um ambiente fraco", pondera o especialista da Icap. O alto giro financeiro dos últimos dias, que foram de forte queda para o principal índice da Bolsa brasileira, preocupa, dado que "indica que os investidores realmente estão saindo", afirma Oliveira.

O diretor da Ativa Corretora Ricardo Correa destaca a Reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira (6/6). "A expectativa de redução de juros é importante e vai mostrar o humor na Europa, o que deve impactar por aqui", diz.

"No Brasil, dados da produção de veículos da Anfavea também na quinta-feira e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na sexta-feira (7/6), devem ser olhados de perto pelo mercado", emenda.

Análise gráfica

O Ibovespa encerrou o pregão de sexta com queda de 2,07%, aos 53.506 pontos e deixa para trás o importante suporte de 54.300 pontos. Na semana, o índice acumula queda de 5,14% e o cenário aponta queda para as próximas sessões. "O que o índice demorou cinco dias para subir, perdeu em dois", diz Leandro Klem, analista técnico da Trader Brasil.

O papel preferencial da Vale (VALE5), que tem peso de 7% no Ibovespa, foi um grande vilão por estar bastante descontado - acumula queda de 4,05% na semana, como reflexo da retração no preço do minério de ferro no mercado internacional. A commoditie atingiu a mínima do ano, cotada a US$ 110.

Para o Ibovespa, o novo suporte (que também é objetivo) está nos 52.500 pontos, justamente a mínima do ano, alcançada em 18 de abril. "Se perder esse nível, o índice volta para o patamar de 2011, quando operava na faixa dos 49 até os 51 mil pontos", aponta Klem.

A primeira resistência a ser quebrada para que o Ibovespa aponte tendência de recuperação é de 54.500 pontos. "A segunda e mais importante resistência, que apontaria para uma alta do índice, é o nível de 56.500 pontos, posição semelhante ao começo da semana passada", completa.





Fonte: Do iG

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