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Cidades/Geral
Domingo - 16 de Março de 2008 às 19:20

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Alto Boa Vista, MT - Autoridades estaduais, federais e municipais reuniram-se nesse sábado (15.03), com a população de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste de Cuiabá) em uma audiência realizada pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso, no ginásio de esportes do município, para discutir soluções ao conflito da Gleba Suiá-Missu. A justiça federal do Estado determinou que os cerca de 3.500 habitantes do local, conhecido também como Posto da Mata, deixem suas propriedades rurais e residências. A área é demarcada pelo Ministério da Justiça como território indígena.

A determinação está suspensa desde 2007, mas pode ser cumprida a qualquer momento. Os habitantes locais e o Poder Público Municipal consideram a desocupação inviável. O Posto da Mata conta hoje com toda infra-estrutura pública e particular com diversas benfeitorias. Pelo menos 72% do município seriam prejudicados com a desapropriação. O conflito entre os pequenos produtores e índios da etnia Xavante, que teriam direito às terras, se arrasta há mais de 15 anos. Na audiência foi avaliada a possibilidade de uma intervenção do Governo.

A Comissão Permanente de Defesa da gleba, formada pelos habitantes, apresentou um histórico de documentos a fim de comprovar que não são posseiros e que adquiriram suas terras, no final da década de 1960, dentro da legalidade. A documentação, com cópias entregues a cada autoridade presente, além do levantamento feito pela Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan-MT) demonstrando os investimentos e desenvolvimento da localidade, inclui xérox da Certidão Vintenaria registrada em cartório e certidão emitida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) atestando a não existência de indígenas dentro da área da Suiá-Missu.

A Associação dos Pequenos Produtores Rurais da gleba produziu um vídeo que foi exibido durante a consulta. O filme traz imagens da atual realidade da área mostrando a expansão agropecuária e depoimentos dos produtores e fundadores da Gleba. “Não somos invasores e nem grileiros. Somos pessoas trabalhadoras que lutam”, disse o presidente da Associação, Renato Teodoro, lembrando que no Posto da Mata existem duas escolas municipais e uma estadual que oferece ensino a 900 alunos.

O deputado estadual Adalto de Freitas (Daltinho), requerente da audiência, destacou a importância do engajamento e comprometimento de todos os vereadores e, principalmente, da população à luta. “Político nenhum é capaz de defender o povo se não houver luta”, declarou o parlamentar, ressaltando ainda a solidariedade da AL e seu apoio para encaminhar a preocupação dos habitantes ao Governo Federal.

A audiência contou ainda com a participação de representantes do Governo do Estado, o tenente-coronel Clarindo Alves de Castro (Casa Militar); professor Eudes Ferreira da Costa (Casa Civil); e secretário de Esportes, Baiano Filho; deputado estadual Sebastião Resende; deputados federais Homero Pereira e Carlos Bezerra; chefe da Unidade Avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Félix do Araguaia, Ramos Melo; prefeito de Alto Boa Vista, Mário César Barbosa; prefeitos dos municípios vizinhos, presidente da Comissão, Sérgio Augusto; Comando Regional V da Polícia Militar, sociedade e demais interessados.

SUIÁ-MISSU

São 168 mil hectares (ha.) da Gleba Suiá-Missu, ou Posto da Mata, a serem desocupados. Só o plantio de arroz e soja local abrange uma área de 5.960 ha., sendo a produtividade média de arroz de 40 sacas por hectare e a de soja em fase de amadurecimento. Há também pecuária de corte (mais de 64mil cabeças de bovino) e leite (3.018 litros/dia), investimento em fruticultura (1.397.300 pés de abacaxis), banana (17.270 pés) e mandioca (19mil pés).

À margem direita da MT-242 está instalada uma indústria de beneficiamento de leite, o Laticínio Alto Boa Vista Ltda., que produz diariamente 13 mil litros de leite, 1.300 quilos de queijo muzzarela e 110 quilos de creme de leite.





Fonte: Secom-MT

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