Em sete dias, Brasil barra mais espanhóis que em três anos
Procurada pelo G1, a PF disse que não há qualquer tipo de retaliação contra os espanhóis e que apenas cumpre as exigências da lei para permitir ou não a entrada de estrangeiros no Brasil.
O crescimento do número de espanhóis barrados coincide com o aumento dos casos de brasileiros impedidos de entrar na Espanha.
Até a noite desta sexta-feira (14), o G1 não havia conseguido entrar em contato com o embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró.
Em entrevista ao jornal "O Globo", a secretária de Estado para a Iberoamérica da Espanha, Trinidad Jiménez, disse não acreditar em retaliação do governo brasileiro. Para ela, cada país impõe "suas condições de entrada".
Reciprocidade
De acordo com a professora Amena Yassine, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o Brasil não age de maneira arbitrária ao tratar com mais rigor a entrada de espanhóis no país.
"O Brasil não está agindo de maneira arbitrária, a reciprocidade é uma prática que encontra fundamentos no direito internacional. Também não é arbitrária essa prática de pedir documentos que servem para comprovar se o estrangeiro tem condições de permanecer no país de destino. Essa não é uma exigência exclusiva do Brasil ou da Espanha, é uma exigência corriqueira na maioria dos países", diz Amena.
Turismo
Segundo dados do Ministério do Turismo, 211.741 turistas espanhóis visitaram o Brasil em 2006; a Espanha foi a oitava nação que mais trouxe viajantes para o país naquele ano.
"Quando você adota medidas restritivas, seja de exigência de visto, aumento do controle nas fronteiras ou qualquer tipo de restrição, pode necessariamente criar um impacto em uma área da economia. O impacto no turismo só será significante se o número de turistas espanhóis for significante para o Brasil. Então pode haver prejuízo, sim", afirma a professora Amena Yassine.
Informação
Para Amena, o governo brasileiro precisa informar melhor os cidadãos que pretendem viajar para a Espanha sobre a documentação que deve ser apresentada aos agentes de imigração. Ela também acredita que a Espanha deveria fazer o mesmo com os espanhóis que pretendem ir para o Brasil.
"Mas, neste caso, os espanhóis estão em situação privilegiada, já que têm mais poder de compra. Nesse sentido, eles têm como comprovar que poderiam permanecer no Brasil por determinado tempo. Já os brasileiros que vão para a Europa muitas vezes estão desempregados, à procura de oportunidades de emprego e vida", ressalta.
Nigerianos são os mais barrados no Brasil
Segundo levantamento feito pela Polícia Federal, a Nigéria foi o país que mais teve turistas impedidos de entrar no Brasil, entre 2005 e 2007. Ao todo, 147 nigerianos foram repatriados nesse período.
Em segundo lugar, vêm os turistas de Guiné (66 repatriados), seguidos pelos viajantes que vieram da Bolívia (61), Libéria (55), China (49), Ucrânia (48), Gana (39), Colômbia e Estados Unidos (31, cada um). O caso mais célebre de um norte-americano repatriado foi o piloto da American Airlines Dale Hersh, que foi impedido de entrar no Brasil após fazer um sinal obsceno durante procedimento de identificação da Polícia Federal em Cumbica.
Entre 2005 e 2007, apenas quatro espanhóis foram repatriados: dois em 2005; os outros dois em 2007.
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