Medicamentos antidepressivos não alteram número de suicídios, diz pesquisa
Pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, publicaram um trabalho científico que demonstra que o uso de antidepressivos por jovens abaixo dos 18 anos de idade não afetou a taxa de ocorrência de suicídios no país nos últimos anos.
As autoridades regulatórias do Reino Unido baixaram resoluções, em 2003, que visavam controlar o uso de medicações antidepressivas do tipo dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina ou ISRSN. Esses medicamentos atuam especificamente no metabolismo de uma substância neurotransmissora dentro do cérebro.
A polêmica toda começa quando, em 2003, dados de estudos clínicos com esses medicamentos foram reanalisados e surgiu uma preocupação com a possibilidade de que seu uso por jovens aumentaria o risco de suicídios nesse grupo. Os dados não permitiam a determinação da influência ou não dos antidepressivos nos raros suicídios que tinham ocorrido durante as pesquisas.
Diante desse quadro as autoridades inglesas estabeleceram limitações para a prescrição dessas drogas para os jovens. A nova evidência publicada na edição de ontem do British Medical Journal trouxe a análise do cruzamentos dos números de prescrições e de suicídios no período anterior e posterior à publicação das novas regras.
As prescrições de antidepressivos dobraram no período de 1999 a 2003. Após as novas regras o número de prescrições voltou a níveis de 1999, apenas um ano depois da divulgação.
Quando esses dados foram cruzados com os índices de suicídios a surpresa apareceu. As taxas de suicídio e mesmo as de internações hospitalares por tentativas de suicídio não se alteraram de forma significativa nesse período.
Essa pesquisa se soma à polêmica iniciada na semana passada com a divulgação de um estudo, dessa vez norte-americano que mostrou que os novos antidepressivos são tão eficientes quanto o placebo nos casos de depressão leve, sendo estatisticamente efetivos somente nos casos de depressão moderada a grave.
O mais importante é que o diagnóstico de depressão somente deve ser feito por um especialista habituado a esse trabalho e ao uso de todo armamentário terapêutico psiquiátrico disponível.
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