Trabalhador deve estudar mais para garantir emprego , diz pesquisa
O ano de 2007 consolidou a percepção de que trabalhadores com mais escolaridade vêm ganhando terreno no mercado brasileiro. Segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os trabalhadores com mais de 11 anos de estudo se apropriaram de, pelo menos, 67 mil vagas antes destinadas a pessoas com menos escolaridade.
"Mão-de-obra pouco qualificada é um fenômeno em extinção", diz o pesquisador do Ipea Lauro Ramos. Segundo dados do IBGE do fim de janeiro, o nível de ocupação no Brasil cresceu 3% em 2007, com a abertura de 623 mil postos. A faixa de trabalhadores com mais de 11 anos de estudo, porém, conseguiu 690 mil novos empregos, o que significa que roubaram vagas de outras faixas de escolaridade.
Na faixa com até sete anos de estudo, houve perda de 160 mil postos. Na faixa intermediária, entre oito e dez anos de estudo, o número de vagas cresceu 76 mil. Para Ramos, a evolução dos trabalhadores com carteira assinada reflete dois fenômenos. "Do lado da oferta de empregos, existe uma demanda por maior especialização, fruto do desenvolvimento tecnológico, entre outras coisas.
Do lado da demanda, trabalhadores com maior escolaridade vêm ocupando cargos menos qualificados, diante da pouca oferta de emprego." Segundo ele, o fenômeno é percebido desde os anos 90, mas vem ganhando força. A apropriação de vagas menos qualificadas tem reflexo no rendimento dos trabalhadores com maior escolaridade.
O estudo apontou que os que têm 11 ou mais anos de estudos tiveram alta de 1,24% na renda em 2007, menos que a média de 3,2%. Já os trabalhadores com sete anos de estudo ou menos tiveram ganho de 4,4% nos rendimentos. Setores que normalmente empregam profissionais com menor qualificação, como construção civil e serviços domésticos, foram os que garantiram maior aumento de renda no ano, de 7,1% e 5,3%, respectivamente.
Escolaridade
Para Lauro Ramos e Maurício Cortez Reis, pesquisadores do Ipea, a escolaridade dos pais tem alguma relação com a renda dos filhos. Eles concluíram que a diferença de rendimento entre dois trabalhadores com seis anos de estudo, um com pais que estudaram oito anos ou mais e outro cujos pais têm três anos ou menos de estudo, chega a 12%. Esse fato, dizem, contribui para a manutenção da desigualdade social no País.
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