Indústria de couro registra expansão de 140% nos últimos 5 anos

Setor com diminuta participação nas exportações até meados de 2002, a indústria do curtume de Mato Grosso deu um salto expressivo nos últimos três anos, tornando-se uma das atividades mais cobiçadas pelos investidores. Para se ter uma idéia, em 2002 eram apenas cinco indústrias neste segmento e as exportações não passavam de US$ 3,05 milhões. Agora, o Estado já conta com 12 plantas funcionando e processando o couro em forma de wet blue, a primeira fase de industrialização.

De acordo com o Centro Internacional de Negócios (CIN/Fiemt), as exportações mato-grossenses saíram de R$ 3,05 milhões para US$ 11,44 milhões em 2004 - crescimento acima de 275% em relação a 2002 - e, em 2005, chegaram a US$ 29,69 milhões (incremento superior a 873%). As exportações continuaram a sua trajetória de crescimento em 2006, quando foram exportados US$ 72,96 milhões. Em volume, foram exportados 72,94 mil toneladas, ante as 14,09 mil toneladas de 2005 (incremento de 88,16% no período).

Em 2007 as exportações mato-grossenses fecharam em US$ 76,09 milhões, com volume de 132,17 mil toneladas. E este ano, em janeiro, já foram exportados US$ 7,48 milhões, crescimento de 168% em relação aos US$ 2,84 milhões registrados em igual mês de 2006.

O balanço das vendas externas dos estados brasileiros, de janeiro a dezembro de 2007, em relação a 2006, indica que São Paulo continua na liderança nacional (US$ 777,54 milhões, participação de 35,44%), seguido pelo Rio Grande do Sul (US$ 530,28 milhões, participação de 24,17%), Ceará, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Mato Grosso ocupa a 8ª colocação. No mês de janeiro, o Estado ocupou o 8º lugar, com US$ 7,48 milhões.

O assessor de Comércio Exterior da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Paulo Henrique Ribeiro Coelho da Cruz, credita o bom momento vivido pelo setor à abertura de novos mercados e à implantação de incentivos fiscais para as indústrias. “Com os incentivos e o crescimento do rebanho, os investidores voltaram os olhos para Mato Grosso. E isso demonstra o crescimento econômico do couro mato-grossense em âmbito nacional”, analisa.

Segundo ele, o mercado do couro em Mato Grosso vai indo muito bem, “prova disso é que o Estado vem recebendo periodicamente a visita de empresários dispostos a investir no setor de curtumes”, atraídos pelo Prodeic, o Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial.

Através deste programa, as empresas se beneficiam com isenções em três níveis: 60% para as indústrias que produzem o couro na forma de “wet blue” (primeiro tratamento); 75% para o couro semi-acabado e acabado (peles em condições de confecção de calçados, por exemplo); e, 90%, para as indústrias de artefatos de couro (produto final como bolsas, cintos, calçados e outros).

QUALIDADE - O objetivo, segundo Paes de Barros, é trabalhar em cima da melhoria da qualidade do couro. “O couro ainda apresenta problemas de carrapatos, berne, mosca do chifre e outras doenças. Temos mercado, só é preciso melhorar a qualidade dos nossos produtos”.

Ele informou que o volume de matéria-prima processada praticamente dobrou nos últimos anos, o mesmo acontecendo em relação ao número de empregos. “O setor emprega 2,5 mil pessoas e processa praticamente todo o couro que é produzido no Estado”, diz Marcelo.

Segundo ele, os curtumes de Mato Grosso ainda estão na primeira fase de industrialização do couro, que é o wet blue (transformação da pele em couros curtidos). “Estamos concluindo os investimentos nesta primeira etapa do processo industrial e já pensando no próximo passo, que é a ampliação das plantas para o recurtimento. Só a partir daí poderemos processar o couro em todas as suas fases e pensar em atrair fábricas de calçados para a nossa região”, anuncia.

Ele acredita que Mato Grosso tem tudo para ser um dos maiores exportadores de couro do país. “Temos grandes perspectivas de continuar crescendo e a conquista do mercado internacional é apenas uma questão de tempo”.