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Nacional
Domingo - 09 de Março de 2008 às 10:43
Por: Cláudia Loureiro

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Quem gasta parte de seu orçamento com dinheiro para o transporte tem uma notícia boa e uma notícia ruim: a boa é a reafirmação da promessa de implantação do bilhete único, que permite aos passageiros se deslocarem de casa para o trabalho (e vice-versa) utilizando mais de um tipo de transporte e pagando menos por isso.

A má notícia é que, diferentemente do que prometeu o governador Sérgio Cabral, o bilhete único só vai sair do papel e virar realidade para milhares passageiros da Região Metropolitana do Rio em 2009.

A preocupação das autoridades de transportes é oferecer um serviço à população já adotado em grandes centros urbanos como Nova York, Paris, Londres e São Paulo, sem transformar o trânsito num caos. Para isso, metrô, trens, barcas e ônibus, sempre lotados nos horários de maior movimento, precisam ampliar e melhorar sua frota.

O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, e o superintendente da Agência Metropolitana de Transportes Urbano (AMTU), Waldir Peres, atribuem a demora na implantação do bilhete único a dois problemas: falta de subsídio governamental para custear o projeto e a falta de interesse dos governos anteriores.

Exemplo paulista

“Isso é muito complicado. São Paulo já tem porque lá começaram a fazer isso muito antes. Não adianta consertar uma pontinha. Tem que mexer em tudo, por isso só conseguiremos implantar o bilhete único em 2009. É uma visão sistêmica”, explica o secretário, referindo-se ao fato de as empresas de transporte ainda não estarem preparadas para um aumento no volume de passageiros.

Segundo o superintendente, São Paulo conta com o apoio financeiro, o que não acontece no Rio. “Eles têm incentivo do governo, que paga R$ 300 milhões por ano para subsidiar o sistema. A nossa realidade fiscal é muito diferente da prefeitura de São Paulo, por exemplo. Se tivéssemos ajuda, isso já teria sido implantado antes”, argumenta.

Em São Paulo, o bilhete único começou a funcionar em dezembro de 2005. Atualmente, ele pode ser usado em metrô, trem e ônibus municipais da capital. Com o bilhete, o passageiro pode usar mais de um ônibus no período de duas horas, pagando a tarifa única de R$ 2,30. Se o passageiro de ônibus usar o metrô nesse intervalo de duas horas, pagará um adicional que é inferior ao da passagem do metrô. Saiba mais.

Desconto na tarifa

A forma de utilização do bilhete único ainda está sendo estudada, mas Júlio Lopes prevê que o desconto na tarifa será bom para o bolso do usuário. “Dentro do período de duas horas, o passageiro vai poder pegar mais de uma modalidade de transporte, com desconto que deve ficar entre 30% a 50%.”

Num sistema como este, a oferta do serviço não pode falhar, lembra Peres. “Antes de implantar de vez o bilhete único, faremos vários testes. A tecnologia não nos assusta. Mas sabemos que temos que ter mais carros do metrô, uma ou duas barcas a mais e mais trens. Senão, as pessoas vão ter o bilhete único, mas vão ficar na plataforma, sem conseguir embarcar”, acrescenta.

Especialistas no assunto trabalham num relatório que será apresentado em maio ao secretário Júlio Lopes e ao governador Sérgio Cabral. “O sistema de transporte é muito sensível. Temos que tomar cuidado para o tiro não sair pela culatra. Vamos entregar um relatório com vários cenários e recomendar um modelo que seja melhor. No caso das barcas, por exemplo, são duas viagens. O passageiro pega um ônibus até a barca ou pega a barca e depois o ônibus. Geralmente, esse usuário não usa metrô nem trem. Temos que estudar caso a caso”, diz o superintendente da AMTU.

As vantagens

Para o secretário Júlio Lopes, "o usuário vai ganhar um desconto tarifário significativo e as operadoras vão lucrar com o aumento da demanda”.

Uma outra vantagem, segundo Waldir Peres: o bilhete único se tornará mais um instrumento para tentar acabar com o transporte ilegal. “Esse setor será duramente atacado porque parte das vans regulares serão integradas ao sistema. E, com a oferta do serviço, muita gente vai preferir usar o bilhete único, que dá desconto.”

Ele completa: “Com o bilhete único, você diminui a circulação de dinheiro no transporte. E se o cartão for roubado, você pode cancelá-lo, como se fosse um cartão de crédito.”

Outro que vê vantagens no projeto é o professor Paulo Cezar Ribeiro, da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da UFRJ. “Vai ser bom para o usuário. Permite que a pessoa com um bilhete só consiga usar diversos modos de transportes. Uma providência que poderia ter sido tomada há mais tempo. Não vejo nenhum aspecto negativo, principalmente para o usuário, que é o grande beneficiário. Tudo depende de quanto vai ser a tarifa e do prazo de validade.”

Além da Secretaria estadual de Transportes e do governo do estado, o projeto está sendo acompanhado pelo Banco Mundial (Bird). Se o sistema der certo, a previsão é que se estenda a todo o estado.





Fonte: G1

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