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Nacional
Sexta - 07 de Março de 2008 às 18:19

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A dona-de-casa Nataly Gaudino, de 17 anos, diz que precisou jogar o filho de dois anos do 4º andar do conjunto habitacional onde houve uma explosão na manhã desta sexta-feira (7) em Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo. De acordo com moradores, as escadas do bloco B desabaram após a explosão e muitos não conseguiram descer.

“Eu segurei no braço dele e soltei. Um menino que passava lá embaixo pegou meu filho. Fiquei com medo, mas tinha que jogar”, relatou a jovem. A criança teve apenas um corte na boca. A mãe pensou em pular em seguida, mas as equipes do Corpo de Bombeiros chegaram e impediram que isso acontecesse. Nataly foi resgatada sem ferimentos.

O acidente ocorreu no Conjunto Habitacional Santa Conceição, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). De acordo com as secretarias de Saúde do estado e do município, o número de feridos na explosão chega a 20.

A copeira Josiane Moura de Souza, de 25 anos, subia as escadas do bloco B quando elas desabaram – a explosão aconteceu no 2º andar do bloco. “Eu estava com meu bebê de um ano no colo e a escada cedeu. Eu caí e apoiei com o braço esquerdo”, contou. A copeira teve uma fratura no punho e um corte no pescoço. O filho nada sofreu.

Josiane subia para o último andar do prédio, onde moram a mãe dela e o irmão, o motorista Marcos Vinícius Moura, de 21 anos. “Eu estava dormindo e, quando acordei, só senti a janela caindo e vidros”, descreveu o jovem. Ele já estava com a perna quebrada e teve dificuldades para deixar o prédio. “Eu nem sei como foi, na hora passa tanta coisa na cabeça”, disse.

A dona-de-casa Geni Brito, de 39 anos, diz que a sobrinha de 16 anos quebrou a bacia no acidente. “A mãe tentou descer ela com um lençol, mas ela caiu”, disse. Geni também mora no conjunto habitacional. “Eu ouvi a explosão e fui ver o que tinha acontecido. Foi quando vi as janelas no chão. Saí correndo, não deu tempo nem de pegar o chinelo”, contou.

Prédio recém-inaugurado

Os apartamentos foram liberados há 15 dias, mas as famílias começaram a mudar há apenas três, segundo a assessoria da CDHU. “A gente mudar e com dois dias acontecer uma coisa dessas é muito triste”, diz Geni. De acordo com ela, as famílias esperaram cerca de dois anos para conseguir a vaga no conjunto habitacional.

A faxineira Lucinéia Mariano, de 39 anos, também ficou desabrigada com a explosão. “Eu mudei dia 5 [de março]. Foi muita luta para conseguir esse apartamento, eu estou revoltada”, disse. O acidente deixou 56 famílias desabrigadas, de acordo com a assessoria da CDHU. As famílias foram reunidas em uma escola municipal localizada em uma rua próxima ao conjunto habitacional. A CDHU informou que elas serão levadas a três hotéis da região.

Causa da explosão

Um vazamento de gás dentro do apartamento teria provocado o acidente. O prédio recém-inaugurado faz parte de um projeto-piloto, com tubulação interna e aquecedor a gás dentro dos apartamentos. A Polícia Civil chegou no início da tarde para fazer a perícia do prédio e elaborar um laudo que irá determinar as causas do acidente.

“Houve um vazamento de gás, ele criou uma mistura dentro do apartamento, o que ocasionou a explosão. Mas o gás não deve ter vazado da tubulação de recalque. A CDHU atendeu a todas as normas e o prédio foi aprovado pelos bombeiros”, afirmou o superintendente de obras da CDHU, Antônio Carlos Trevisani.

Apesar de só a perícia poder apontar o que causou a explosão, Trevisani opinou sobre o que pode ter provocado o acidente. “Provavelmente o que ocorreu foi um vazamento de gás dentro do apartamento. O fogão ou a mangueira podem estar vazando, por exemplo”, disse. A tubulação foi feita em 2006, de acordo com a companhia.





Fonte: G1

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