Lula diz que PAC não é programa eleitoral
"Foi importante, governador (Sérgio Cabral), que não anunciássemos o PAC antes de 2006 porque se não vocês iriam ler em manchetes de jornais que nós estaríamos lançando um programa apenas com interesse eleitoral. E Deus é tão justo e tão grande que abriu a minha consciência para começar essa obra do PAC exatamente no momento em que eu não disputo mais eleições no Brasil, porque o mandato termina em 2010".
O governo federal planeja investir R$ 495 milhões na Vila Cruzeiro e nas outras 12 comunidades do Alemão. O projeto inclui obras de saneamento e a construção de hospital 24 horas, escolas, áreas de lazer e postos policiais. Um teleférico deverá ligar a estação ferroviária de Bonsucesso ao alto do morro, na favela da Fazendinha.
"Eu quero vir inaugurar essa obra no complexo do Alemão, eu quero andar no teleférico uma vez para saber se ele vai ser bom ou se não vai ser bom", afirmou Lula.
Erro histórico de Lula
No discurso que marcou a assinatura de início das obras, Lula acabou cometendo um erro histórico ao enaltecer os feitos de seu governo. Ao tentar mostrar a apatia dos governos anteriores, que, segundo ele, durante décadas nada fizeram para solucionar os problema da pobreza no Brasil, ele se referiu à década de 80 como a época do "milagre brasileiro", em vez da década de 70, no período do regime militar.
"O que estamos fazendo hoje, poderia ter sido feito nos anos 50, 60, 70, 80, 90 e 2000. Mas a verdade é que tem um monte de políticos no Brasil que só gostam de pobre na época das eleições. É eleito com o voto dos pobres mas governa para os ricos", disse Lula, acrescentando que seu governo está investindo R$ 40 bilhões em todas as capitais do país em programas de obras que contemplam as classes mais baixas da população.
Diante de cerca de 7 mil moradores do Alemão - segundo cálculos do coronel da PM Marcus Jardim -, Lula foi bastante aplaudido quando voltou a dizer que bandido não deve ser tratado com pétalas de rosa. Mas, ressalvou, a polícia, quando entrar no Alemão, tem de lembrar que ali vivem mulheres e homens trabalhadores que só querem ser tratados com dignidade.
Dilma é a 'mãe do PAC', diz Lula
Empolgado com as obras do PAC no Rio, o presidente Lula disse que, por ele, as obras já poderiam começar neste domingo, com o pagamento de horas extras aos operários. Ele informou que as obras começam na segunda-feira e alertou o governador Sérgio Cabral e o vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, sobre a rígida fiscalização que a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, vai fazer.
"A Dilma é uma espécie de mãe do PAC. É ela que cuida, é ela que acompanha, é ela que vai cobrar junto com o Márcio Fortes se as obras estão andando ou não estão andando. O Pezão (vice-governador do Rio) é grandão e ele vai saber o que é ser cobrado pela Dilma por que a obra atrasou, por que a obra não andou, por que a empresa parou, por que atrasou. Se não for assim, a coisa não acontece, se não for assim, a gente anuncia, o governador fica feliz, eu fico feliz, a gente volta para casa e as coisas continuam como antes", disse.
O presidente espera que com as obras do PAC na Rocinha, em Manguinhos e no Alemão, as manchetes dos jornais sobre o Rio deixem de relatar somente notícias ruins, como violência e mortes por balas perdidas.
"Para que ninguém, nem um animal se torne violento, é preciso tratar com carinho e com respeito", disse o presidente, acrescentando que as obras vão levar dignidade e cidadania aos moradores das favelas.
Maior parte dos moradores são do bem, diz Lula
Ele voltou a lembrar que em comunidades carentes e favelas como o Alemão, 99% dos moradores são trabalhadores e gente de bem. E que não se pode pegar um mau exemplo para retratar toda a comunidade.
"Não é porque um grão de feijão está estragado que se tem de jogar o prato todo fora. Não é porque a ponta do bife queimou que vai se jogar o bife fora. É preciso fazer como uma laranja podre: arrancá-la do pé."
Beijoqueiro reaparece
Lula recebeu flores brancas da menina Ana Vitória, de 4 anos, aluna da Creche João Ferreira. O Beijoqueiro - como é conhecido o português José Alves de Moura - também apareceu no meio da multidão com um ramalhete de flores vermelhas para entregar ao presidente, mas não teve sucesso.
"Ô, Beijoqueiro, depois o Sérgio Cabral vai aí te dar um beijo", brincou Lula.
Antes da chegada das autoridades ao palanque montado no Largo do Itararé, um grupo de 40 ritmistas, passistas, baianas e o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense animaram o público cantando, junto com o puxador Preto Jóia, sambas-enredos da escola de Ramos.
Comentários