Quebra na produção de trigo deve provocar reajustes em seus derivados
Uma quebra na produção mundial de trigo promete interferir no café da manhã do brasileiro. Os importadores do produto no Brasil querem repassar o aumento de preço do grão para o consumidor final.
O brasileiro pode sentir se a crise está chegando ou não quando o bolso começar a doer, especialmente ao entrar numa padaria. “Quando eu comprava pão por unidade, 10 pãozinhos era R$ 3,00 e fim de papo. Agora custa R$ 4,00”, exemplifica o aeroviário aposentado Jair Muniz.
O preço do principal ingrediente do pão, do biscoito e do macarrão aumentou sem parar nos últimos 12 meses. Em fevereiro do ano passado, a tonelada do trigo custava US$ 208. Em julho, estava em US$ 303. No mês passado, US$ 455 dólares. Aumento de 119%.
Razões
O reajuste tem duas razões: quebra na produção mundial no ano passado por causa do clima e aumento do consumo.
Nesse mesmo período, o preço da farinha de trigo subiu 23%.
“Sempre existe uma pequena defasagem, talvez de três meses, entre o preço atual do trigo e quando ele se reflete no preço da farinha”, observa o presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo, Luiz Martins.
Por enquanto, a crise mundial do trigo não entrou de vez nas padarias. Em algumas, o pão francês já está um pouco mais caro. Mas o aumento do preço da farinha de trigo ainda não foi totalmente repassado, por medo de perder vendas.
Prejuízo
Porém, o sindicato dos Panificadores de São Paulo diz que não é mais possível arcar com prejuízos. “Na realidade, alguma coisa tem que ser repassada. Só o aumento deste ano representa no preço final do pão mais 10%. Isso tem que ser repassado para o consumidor final”, diz o presidente do sindicato das Panificadoras de São Paulo, Antero José Pereira.
O trigo é negociado em bolsas de mercadorias no mundo inteiro, ou seja, é uma comoddity. E o que acontece em um país produtor acaba interferindo diretamente no preço do outro.
Por isso mesmo o distante Cazaquistão acaba influenciando o mercado brasileiro. Na semana passada, esse país aumentou suas taxas de exportações.
Importações
O consumidor ainda poderá enfrentar outra pressão sobre os preços. O Brasil importa mais de 70% do trigo que consome, quase tudo da Argentina. Mas, o principal parceiro no Mercosul restringiu a exportação e deixou os moinhos nacionais com os estoques baixos.
Para importar de outros países é preciso pagar 10% de imposto de importação.
“Eu acho que precisaria liberar pelo menos uns quatro milhões de toneladas de trigo de outras origens, sem taxa de renovação de Marinha Mercante, e sem o imposto de importação”, afirma o presidente da empresa, Jorge Chammas.
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