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Economia
Sexta - 07 de Março de 2008 às 14:06

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Quase ausente das prateleiras dos supermercados no mês passado e um dos vilões da inflação, o feijão voltará às mesas mais barato. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que os preços vão recuar a partir de abril, quando começa a colheita da segunda safra no Paraná.

A saca do feijão — produto apontado como um dos responsáveis pela alta dos índices de custo de vida — é comercializada por valores entre R$ 140 e R$ 150. Na segunda safra, a produção nacional do grão deverá crescer 21,9%, para 1,21 milhão de toneladas. Graças ao aumento da produtividade e à expectativa de boas condições climáticas, a previsão é que a saca passe então a ser vendida por R$ 100.

Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, uma vez que as previsões do ministro forem confirmadas, o preço do feijão, que custa R$ 3,70 em média, poderá ter redução de até um terço, para R$ 2,60: “Se o preço da saca ficar 30% mais barato, a idéia é que o valor seja repassado para o consumidor, o que é possível, pois o preço do feijão no atacado e no varejo andam relativamente próximos”.

Apesar do otimismo demonstrado pelo governo, alguns profissionais não têm a mesma expectativa. Para o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios, José de Souza e Silva, a produção não vai abastecer o mercado em grandes estoques: “Acredito que o preço vá recuar. Mas, para o produtor, não compensaria plantar sequer capim ao valor como esse que o ministro imagina”.

Se o aumento da produção se confirmar, a tendência é que os preços caiam, como vêm ocorrendo desde janeiro deste ano. “Se não houver quebra de safra, há espaço para queda no preço, pois falar em redução de 30% em cima de um produto que subiu 102% no Rio de Janeiro, de março a 2007 a fevereiro de 2008, é bem razoável”, insiste André Braz.

Outra boa notícia para os consumidores é que a queda no preço do feijão pode se refletir nos índices de custo de vida. “Considerando a meta de inflação em 4,4%, se o preço do feijão cair 30% ao longo deste ano, mantendo as variáveis constantes, a expectativa de inflação cai para 4,27%. Bom para o bolso dos consumidores e também para todo o País”, analisa o economista da FGV.

Varejistas prometem repassar as quedas

Segundo o gerente de avaliação de safra da Companhia Nacional de Abastecimento, Eledon Pereira, o preço deve recuar ainda mais: “A expectativa é que o clima esteja dentro do normal para esta época do ano. Se isso for confirmado, o preço da saca de feijão deve baixar consideravelmente já no início da segunda safra, na metade do mês”.

Supermercadistas prometem colaborar. O Grupo Pão de Açúcar informou que, se persistir, a baixa no preço da saca do feijão será repassada integralmente aos consumidores.

É o que esperam muitos clientes que deixaram de abastecer o carrinho com o produto nos últimos meses, substituindo o feijão por outros itens. A vendedora Ilza Farias, 42 anos, encontrou um jeito criativo de driblar o alto preço sem perder qualidade à mesa. “Cheguei a trocar feijão por lentilha durante um período. A gente percebe o aumento do preço há um tempo. Já estava na hora de baratear”, diz.

Para o pesquisador em sócioeconomia da Embrapa,Alcido Wander, também é possível afirmar que haverá redução no preço: “É a lei básica da economia, quanto maior a oferta, menor o preço do produto. No entanto, se o valor da saca vai recuar a R$ 100, só com uma bola de cristal para prever”.

Safra será recorde em 2008

O clima favorável e os preços elevados dos produtos agrícolas levaram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a revisar para cima a projeção de colheita para a safra 2008. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de fevereiro, divulgado hoje pelo instituto, aponta uma safra recorde de 139,6 milhões de toneladas — volume 5,1% maior do que a safra do ano passado e 2,3% superior à projeção de janeiro.

A nova revisão foi impulsionada por milho, soja e arroz, produtos que, juntos, vão responder por 91% da safra. O analista do IBGE Paulo Monassa explicou que os bons preços dessas três culturas representaram o principal fator de estímulo para o aumento na expectativa de safra desses produtos, já que os produtores, estimulados e capitalizados, estão expandindo a área de plantio.





Fonte: Portal do Consumidor

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