Brasil bate 8 milhões de conexões de banda larga
Segundo o diretor de consultoria do IDC Brasil, Roberto Gutierrez, o desempenho foi puxado principalmente pelo maior número de computadores vendidos, pela queda na cotação do dólar e pelo aumento da oferta do serviço --causado pela ampliação das redes de telefone fixo e cabo.
"Com os números, o índice de penetração da banda larga no Brasil atingiu os 4%", revelou. O número, porém, ainda é inferior em relação ao de alguns países latino-americanos, como o Chile (7,9%) ou a Argentina (5,3%).
Os consumidores residenciais continuam no topo dos clientes de banda larga, tendo inclusive um crescimento superior ao de consumidores corporativos. O acesso residencial é responsável por 87% do total, com crescimento de 31,1% no ano, enquanto que o corporativo representa 13%, com crescimento de 26,5%.
Na divisão por tipo de acesso, a internet via cabo --oferecida pelas empresas de TV por assinatura-- teve uma taxa de crescimento de 54%, bem superior à registrada pelo ADSL --oferecido pelas companhias telefônicas (24,5%).
"O crescimento da internet via cabo é maior porque a rede está em expansão, os clientes tem uma percepção de que se trata de um produto de melhor qualidade e estão à procura de produtos triple play [união de TV a cabo, banda larga e telefone em um pacote de serviços]", explicou Gutierrez.
Na questão da velocidade, o estudo apontou para uma busca maior por velocidades acima de 1 Mbps (megabits por segundo). Porém, também ocorreu uma pequena recuperação na busca por serviços entre 128 Kbps (kilobits por segundo) e 256 Kbps --puxado por clientes com menor poder aquisitivo que compraram seus primeiros computadores nesse ano.
3G
Para o presidente da Cisco, Pedro Ripper, 2008 pode trazer novos ingredientes que dariam uma nova guinada no mercado de banda larga.
"Existem dois cenários possíveis. Se for o de continuidade, o número de clientes não crescerá mais do que 30%. Com um cenário de mudança, pode haver uma alta maior", explica.
Uma das apostas de Ripper é a tecnologia 3G de telefonia celular, que traz a possibilidade de uma banda larga móvel de melhor qualidade e em condições reais de competição com as opções mais tradicionais de conexão (ADSL e cabo).
"O 3G não parecia tão promissor porque, a princípio, não traria mudança. Apenas seria uma alternativa de mobilidade ou sofisticação. Mas o leilão [de bandas de 3G feita pelo governo federal no final de 2007] fará com que haja uma cobertura com a tecnologia em lugares ainda não acessíveis por outros meios", explicou.
Com essa tecnologia, acredita Ripper, o mercado de banda larga pode crescer entre 30% e 40% em 2008.
Persona
A apresentação dos dados sobre o mercado de banda larga foi a primeira aparição pública de Ripper após a Operação Persona, da Polícia Federal, que acusou a Cisco de de fazer parte de um esquema de fraudes de importação. Na ocasião (meados de outubro do ano passado), Ripper foi preso e liberado dias depois.
"Existe um processo em andamento, mas está em segredo de Justiça. Então não posso falar sobre o assunto", se esquivou.
Porém, Ripper revelou que esse fato não atrapalhou as metas de crescimento da Cisco no Brasil em 2007. "Me dá muita satisfação dizer que batemos nossa meta de crescimento [no primeiro semestre fiscal de 2008, encerrada em janeiro]", disse. Ele não detalhou qual era a meta, apenas que a empresa a superou em cerca de 10%.
Comentários