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Índios desistem de incendiar canteiro de obras de Belo Monte
O grupo de índios que ocupa há cinco dias um dos canteiros de obras da usina de Belo Monte (PA) anunciou nesta sexta-feira (31) que desistiu de atear fogo nos escritórios e nas instalações da obra e pode desocupar o local até terça-feira (4).
A ameaça de incêndios ocorreu porque os índios exigiam a presença do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) no local para negociar as reivindicações do grupo.
Segundo um dos líderes do protesto, Cândido Munduruku, o recuo aconteceu após a ida de um representante do Planalto na noite de ontem ao canteiro, que fica em Vitória do Xingu, a 50 km de Altamira.
Na reunião com Nilton Tubino, coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios, ficou acordado que o ministro Carvalho não vai a Belo Monte. Mas ele propôs uma reunião com líderes na terça-feira (4), em Brasília.
"Desistimos de tocar fogo, mas nossa luta continua. O povo mundurucu é da paz, queremos ser respeitados", afirmou Cândido Munduruku.
Apesar do acordo com Nilton Tubino, os índios mantêm a invasão do canteiro. As rotas de fuga continuam bloqueadas com cinco ônibus. Os caminhões com material combustível não foram retirados da proximidades dos escritórios.
O impasse agora é quanto ao número de índios que participará da reunião com Gilberto Carvalho. Os líderes querem levar os 140 índios que participam do protesto. No grupo há mulheres e crianças. O governo anunciou que vai disponibilizar um avião para a viagem deles até Brasília.
"Se o governo quer dialogar tem que levar todo mundo. Não adianta escolher só os líderes. Tem que levar todos: homens, mulheres e crianças e velhos", afirmou Cândido Munduruku.
Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência disse que a reunião com o ministro Carvalho só será realizada após a desocupação pacífica do canteiro. O comunicado reitera também a disposição do governo federal em dialogar.
INVASÃO
Esta é a segunda vez em menos de um mês que os índios, a maioria da etnia mundurucu, invadem o canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Vitória do Xingu (PA). A etnia é originária do rio Tapajós, a 800 km de distância da obra. A primeira invasão aconteceu no dia 2 de maio e durou oito dias.
O grupo reivindica a realização de consulta prévias antes das construções de novas hidrelétricas nos rios Teles Pires e Tapajós, garantias da Constituição e da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
A Justiça Federal determinou a saída pacífica dos índios do canteiro de Belo Monte na terça-feira (28). O prazo foi descumprido. A multa diária é de R$ 50 mil para os índios e a Funai (Fundação Nacional do Índio).
Agentes da Força Nacional de Segurança e da Polícia Militar do Pará estão na área da usina. Eles só cumprirão a ação de reintegração por decisão judicial, que não foi dada até o momento.
Segundo o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte), responsável pela construção da usina de Belo Monte (PA), cerca de 4.000 trabalhadores estão confinados nos alojamentos. Apesar de os índios terem desistido de atear fogo nas instalações, a empresa disse que o clima é crítico no canteiro.
A empresa disse que mantém, por medida de segurança, brigadas de incêndio e dez caminhões-pipa no local. A empresa exige a reintegração de posse.
Fonte:
Folha de S. Paulo
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/18485/visualizar/
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