Venezuela expulsa embaixador da Colômbia
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aliado do presidente do Equador, Rafael Correa, ordenou no domingo (2) o fechamento da embaixada de Caracas em Bogotá e o envio de dez batalhões do exército para a fronteira com a Colômbia.
Mais cedo nesta segunda, o governo do Equador rompeu as relações diplomáticas com a Colômbia, informou a chancelaria colombiana. Correa também anunciou no domingo o envio de tropas à fronteira com a Colômbia.
O governo da Venezuela, "em defesa da soberania da pátria e da dignidade do povo venezuelano, decidiu ordenar a expulsão imediata do embaixador da República da Colômbia na Venezuela e do pessoal diplomático da Embaixada colombiana em Caracas do território nacional", diz o comunicado da chancelaria.
O anúncio foi confirmado pouco depois pelo chanceler venezuelano Nicolás Maduro em discurso no Congresso, no qual afirmou que "o conflito colombiano se tornou uma ameaça para todos os governos da área".
Maduro propôs a criação de um grupo internacional que busque a paz na Colômbia e a paz na região, "e que a regularização da guerra obrigue o governo de (Alvaro) Uribe a abandonar a doutrina de guerra do (presidente dos Estados Unidos, George W.) Bush".
Maduro pediu a "união de forças armadas e a união cívico-militar" na Venezuela, defendendo as "medidas preventivas" tomadas pelo governo do presidente Hugo Chávez, que incluem uma mobilização militar "porque ninguém vai nos surpreender, estamos diante de loucos obcecados com a guerra".
"Não podemos ser fracos, ambíguos nem covardes quando um irmão lhe agride", declarou o chanceler.
Maduro anunciou a expulsão dos diplomatas colombianos após mencionar que o governo de Álvaro Uribe, "em sua fábrica de mentiras", disse que Chávez havia doado US$ 300 milhões (cerca de R$ 504 milhões) para as Farc. O anúncio da doação foi feita nesta segunda-feira pela polícia colombiana, com base em documentos encontrados nos computadores de Reyes.
Sobre as ações militares anunciadas domingo por Chávez, principalmente o envio de tropas à fronteira de 2.219 quilômetros com a Colômbia, Maduro disse que são "medidas preventivas" adotadas "perante loucos obsessivos com a guerra".
O governo colombiano anunciou nesta segunda-feira que não enviará tropas às fronteiras com Equador e Venezuela, como resposta à decisão dos dois países de reforçar seus efetivos na região, mas o contingente colombiano na zona já soma mais de 40 mil homens.
Ao longo da fronteira de 2.219 km com a Venezuela, a Colômbia tem cerca de 25 mil homens, distribuídos em quatro grupos mecanizados, um grupo blindado, 25 batalhões e uma brigada móvel.
Equador
O governo do Equador enviou nesta segunda uma carta a Bogotá na qual anunciou o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia, informou a chancelaria colombiana.
"Frente a uma sucessão de feitos e imputações inamistosas, e de acordo com o estabelecido na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, o governo do Equador decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia, a partir desta data", diz a carta, segundo a agência de notícias France Presse.
No comunicado, o governo de Quito "rechaça energicamente" a acusação apresentada pelo diretor da Polícia Colombiana, general Oscar Naranjo, sobre vínculos do governo Rafael Correa com a guerrilha das Farc.
"O governo equatoriano rechaça energicamente estas afirmações que, com cinismo, se somam à atitude hostil, manifestada na recente violação da soberania e integridade territorial do Equador", afirma o documento.
"As acusações infundadas constituem em uma tentativa deliberada para desviar a atenção do feito da violação da soberania territorial equatoriana tal como foi reconhecido pelo governo colombiano em comunicados e notas diplomáticas", acrescentou.
Ataque
No sábado, tropas colombianas mataram o número dois das Farc, Raúl Reyes, em um acampamento rebelde em território equatoriano. Outros 16 guerrilheiros morreram no ataque.
Nesta segunda-feira, o governo de Bogotá afirmou que documentos em computadores de Reyes apontavam para vínculos da guerrilha com o governo do Equador e da Venezuela.
O governo colombiano declarou que o governo da Venezuela deu US$ 300 milhões à guerrilha das Farc e forneceu armas ao grupo.
Segundo Bogotá, acordos entre altos funcionários equatorianos e venezuelanos e as Farc ficaram evidentes nos documentos e fotografias encontradas no acampamento onde Reyes morreu, a cerca de 1,8 km da fronteira com a Colômbia.
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