Para Bird, América Latina 'está mais preparada para crise global'
A América Latina estaria hoje muito mais preparada para enfrentar uma possível crise econômica mundial do que há uma década, de acordo com o diretor-gerente do Bird, o Banco Mundial, Juan José Daboub.
"O impacto de uma crise mundial seria menor na América Latina do que foi quando ocorreu a crise asiática (de 1997), porque a maioria dos países da região aprendeu a lição", afirmou ele, no Cairo, com exclusividade à BBC.
O Banco Mundial calcula que uma desaceleração na economia americana, como decorrência da crise no mercado de crédito imobiliário dos Estados Unidos, pode comprometer de meio a um ponto porcentual o crescimento do PIB mundial.
De acordo com Daboub, os países menos afetados devem ser aqueles que diversificaram mais suas economias, o que é o caso da maioria dos latino-americanos.
Liberalização econômica
"(Os países latino-americanos) fizeram mudanças importantes em suas macroeconomias, diversificaram suas dívidas com tipos diferentes de moeda, têm reservas maiores, exportam para mais mercados e fortaleceram seus sistemas financeiros", disse.
"União Européia, China e Índia se converteram em destinos importantes de produtos brasileiros e chilenos, por exemplo”, afirmou. “A diversificação em qualquer portfólio minimiza os riscos."
O salvadorenho Daboub afirmou que, para o Bird, a região desempenha um papel importante na economia global, especialmente por causa das matérias primas que exporta, "como a soja brasileira e o petróleo no caso de outros países sul-americanos".
Ele afirma, entretanto, que "temos visto como países asiáticos como a China, a Índia e o Vietnã têm crescido e feito muito mais do que nossos países".
Isso acontece, segundo ele, "porque eles (os asiáticos) têm sido muito claros e pragmáticos ao seguir um modelo de grande liberdade econômica".
Juan José Daboub ocupou o cargo de ministro da Fazenda de El Salvador quando o país dolarizou sua economia, no início da década. Em 2006, foi nomeado para o cargo de diretor-gerente do Banco Mundial pelo ex-presidente da organização, Paul Wolfowitz.
Daboub iniciou no Egito seu giro por vários países árabes que tem o objetivo de realizar consultas com representantes governamentais, do setor privado e da sociedade civil para aumentar a participação do Banco Mundial em projetos na região.
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