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Nacional
Segunda - 03 de Março de 2008 às 08:18

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Há quatro décadas, um conflito silencioso faz milhares de refugiados: colombianos que tentam escapar da guerra civil. O Brasil é hoje o principal destino desses refugiados. Cerca de mil constam nos registros do governo. Mas um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que haja, pelo menos, 17 mil vivendo ilegalmente no país.

São 43 anos de guerra civil e mais de 30 mil mortos. Sempre que a violência aumenta entre os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), os paramilitares e o Exército colombiano, nossa fronteira percebe.

De um lado, está o município de Letícia, na Colômbia. De outro, Tabatinga, no Brasil. Duas cidades e um só povoado no meio da selva.

Letícia é a capital do departamento do Amazonas, na Colômbia, o último território ainda não-conquistado na região pelos guerrilheiros das Farc. Eles querem distância de Letícia. Temem confrontos na fronteira com o Exército brasileiro.

Por isso, a pequena cidade se transformou no destino mais procurado pelos fugitivos da violência. Para entrar em Tabatinga, no Brasil, é só atravessar a rua. O soldado colombiano observa o movimento que não pára.

Proteção

Três vezes por semana, saem barcos lotados de passageiros para Manaus. O padre Luis Zavala é antigo conhecido dos barqueiros. “Quantos colombianos vocês já ajudaram a ir para o Brasil?”, pergunta o repórter do "Bom Dia Brasil". “Setenta e oito refugiados”, calcula o padre.

A igreja simples, na periferia de Letícia, é uma espécie de quartel-general de proteção a futuros refugiados. “Não se vê tanto a influência da violência passando pela fronteira. Então, [os refugiados] se sentem mais seguros, mais confiantes e mais esperançosos”, acrescenta o religioso.

Muitos fugitivos chegam a Letícia de avião, mas a grande maioria não tem dinheiro para pagar a passagem e acaba tendo que atravessar o território dominado pelas Farc em trilhas na floresta ou então usando o Rio Amazonas, em uma longa e perigosa viagem que pode durar mais de um mês.

Extorsão

Um artista plástico fugiu porque não suportava a extorsão vinda de todos os lados. “Eles nos pediam 25% de tudo o que recebíamos. Esses 25% eram para os paramilitares”, afirma.

Na Colômbia, ele tinha casa, carro, e as crianças estudavam em boas escolas. Agora, mesmo sem nada no Brasil, qualquer coisa serve – até o pôr-do-sol, para lembrar que eles ficaram com o bem mais valioso: a vida dele e a dos filhos.

“Quando o senhor vê o sol ir embora, qual é a certeza que o senhor tem?”, pergunta o repórter. “Amanhã será outro dia. E vai haver... Estou mais seguro de que o sol vai nascer para nós. E não há esse temor: ‘Será que amanhã vou amanhecer vivo? Será que esta noite não vão me matar com toda a minha família?’”, finaliza o artista plástico.





Fonte: G1

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