Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 27 de Fevereiro de 2008 às 09:20
Por: Alessandra Bellotto/Viviane Mo

    Imprimir


Os bancos brasileiros comemoram mais uma safra de resultados recordes. Levantamento da Austin Rating aponta que os lucros líquidos de 31 instituições financeiras que divulgaram balanços cresceram 43,3% em 2007, para R$ 34,4 bilhões. O retorno sobre o patrimônio aumentou de 21,2 para 24,3%.

Os ganhos foram impulsionados pelo crescimento do crédito e das receitas com prestação de serviços. Grandes bancos do varejo, como Bradesco, Itaú e Unibanco, foram beneficiados ainda por receitas extraordinárias com a venda de participações em empresas, entre elas Bovespa e BM&F.

O Itaú divulgou aumento de 96,7% no lucro de 2007, para R$ 8,5 bilhões, sendo R$ 1,3 bilhão só com eventos não-recorrentes. Ganhos extraordinários de R$ 800 milhões contribuíram para a expansão de 58,5% no resultado do Bradesco, para R$ 8,01 bilhões. No Unibanco, o lucro aumentou 97%, para R$ 3,44 bilhões, puxado por receitas extraordinárias de R$ 848 milhões.

Mas não foi só isso. Todos esses bancos expandiram sua carteira de crédito acima da média de mercado - o total de operações do sistema financeiro cresceu 27,3% em 2007. No Bradesco, a carteira cresceu 36,5%, no Itaú, 37,3%, no Unibanco, 35,4%. A evolução média do saldo da carteira dos 31 bancos analisados foi de 31,3%, contribuindo para o crescimento de 27,6% dos ativos totais, para R$ 1,76 trilhão, acima do R$ 1,3 trilhão do PIB brasileiro.

Segundo o sócio da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, em 2007, os bancos, de maneira geral, foram beneficiados pelo forte crescimento do crédito, especialmente nos segmentos com margens maiores, como pessoa física e pequenas e médias empresas. "O crédito cresceu, os spreads permaneceram em patamar elevado, por conta do foco em nichos de maior retorno, mas a inadimplência ficou controlada", destaca.

Aloísio Lemos, analista do setor financeiro da corretora Ágora, acrescenta que, com a expansão das operações de financiamento, os bancos tiveram um ganho de escala, compensando a redução dos spreads gerada pela queda da taxa básica de juros. Para Lemos, os esforços para manter a qualidade da carteira também beneficiaram os resultados, uma vez que a inadimplência ficou estável e, em alguns casos, foi reduzida.

Nos bancos médios focados em pequenas e médias empresas ou ainda em financiamento de veículos, a evolução da carteira de crédito e, conseqüentemente, dos lucros foi ainda maior. No Sofisa, por exemplo, a carteira de crédito aumentou 186%. Além do crescimento de 103,1% do segmento de pequenas e médias empresas, o banco retomou também no varejo, com o financiamento de veículos. O lucro do banco cresceu 67,8%, para R$ 76 milhões.

As operações de crédito renderam aos bancos uma receita 11,6% maior, segundo a média dos 31 bancos analisados. Já as receitas com prestação de serviços, que inclui tarifas de conta-corrente, taxas de administração, entre outros, aumentaram 15,3%, na média. Rodrigues destaca ainda os ganhos de eficiência alcançados pelos bancos.

O índice, que mede a relação entre despesas administrativas e receitas operacionais, caiu de 51,8% para 49,1%, na média do setor. Para o sócio da Austin, a queda no lucro do Banco do Brasil é fruto de despesas administrativas e de pessoal muito altas. "A eficiência no BB deixa muito a desejar", afirma. O BB, maior banco brasileiro em ativos, encerrou o ano com um indicador de 63,4%, contra 46,4% do Bradesco e 44,4% do Itaú.

O presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, afirmou ontem que o lucro da instituição ficou abaixo dos principais bancos privados porque a carteira de crédito não abrange todas as operações do mercado. "Não temos o crédito imobiliário", disse. "A principal mensagem do resultado é que estamos em recuperação de mercado. O Banco do Brasil não tem sido negligente", rebateu Lima Neto.





Fonte: Gazeta Mercantil

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/185431/visualizar/