Ganho dos bancos brasileiros sobe 43% em 2007
Os ganhos foram impulsionados pelo crescimento do crédito e das receitas com prestação de serviços. Grandes bancos do varejo, como Bradesco, Itaú e Unibanco, foram beneficiados ainda por receitas extraordinárias com a venda de participações em empresas, entre elas Bovespa e BM&F.
O Itaú divulgou aumento de 96,7% no lucro de 2007, para R$ 8,5 bilhões, sendo R$ 1,3 bilhão só com eventos não-recorrentes. Ganhos extraordinários de R$ 800 milhões contribuíram para a expansão de 58,5% no resultado do Bradesco, para R$ 8,01 bilhões. No Unibanco, o lucro aumentou 97%, para R$ 3,44 bilhões, puxado por receitas extraordinárias de R$ 848 milhões.
Mas não foi só isso. Todos esses bancos expandiram sua carteira de crédito acima da média de mercado - o total de operações do sistema financeiro cresceu 27,3% em 2007. No Bradesco, a carteira cresceu 36,5%, no Itaú, 37,3%, no Unibanco, 35,4%. A evolução média do saldo da carteira dos 31 bancos analisados foi de 31,3%, contribuindo para o crescimento de 27,6% dos ativos totais, para R$ 1,76 trilhão, acima do R$ 1,3 trilhão do PIB brasileiro.
Segundo o sócio da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, em 2007, os bancos, de maneira geral, foram beneficiados pelo forte crescimento do crédito, especialmente nos segmentos com margens maiores, como pessoa física e pequenas e médias empresas. "O crédito cresceu, os spreads permaneceram em patamar elevado, por conta do foco em nichos de maior retorno, mas a inadimplência ficou controlada", destaca.
Aloísio Lemos, analista do setor financeiro da corretora Ágora, acrescenta que, com a expansão das operações de financiamento, os bancos tiveram um ganho de escala, compensando a redução dos spreads gerada pela queda da taxa básica de juros. Para Lemos, os esforços para manter a qualidade da carteira também beneficiaram os resultados, uma vez que a inadimplência ficou estável e, em alguns casos, foi reduzida.
Nos bancos médios focados em pequenas e médias empresas ou ainda em financiamento de veículos, a evolução da carteira de crédito e, conseqüentemente, dos lucros foi ainda maior. No Sofisa, por exemplo, a carteira de crédito aumentou 186%. Além do crescimento de 103,1% do segmento de pequenas e médias empresas, o banco retomou também no varejo, com o financiamento de veículos. O lucro do banco cresceu 67,8%, para R$ 76 milhões.
As operações de crédito renderam aos bancos uma receita 11,6% maior, segundo a média dos 31 bancos analisados. Já as receitas com prestação de serviços, que inclui tarifas de conta-corrente, taxas de administração, entre outros, aumentaram 15,3%, na média. Rodrigues destaca ainda os ganhos de eficiência alcançados pelos bancos.
O índice, que mede a relação entre despesas administrativas e receitas operacionais, caiu de 51,8% para 49,1%, na média do setor. Para o sócio da Austin, a queda no lucro do Banco do Brasil é fruto de despesas administrativas e de pessoal muito altas. "A eficiência no BB deixa muito a desejar", afirma. O BB, maior banco brasileiro em ativos, encerrou o ano com um indicador de 63,4%, contra 46,4% do Bradesco e 44,4% do Itaú.
O presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, afirmou ontem que o lucro da instituição ficou abaixo dos principais bancos privados porque a carteira de crédito não abrange todas as operações do mercado. "Não temos o crédito imobiliário", disse. "A principal mensagem do resultado é que estamos em recuperação de mercado. O Banco do Brasil não tem sido negligente", rebateu Lima Neto.
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