Rússia apóia Brasil contra o embargo europeu à carne
Brasília - Principal comprador individual de carnes do Brasil, a Rússia deu ontem, primeiro dia da visita de veterinários europeus ao País, apoio às negociações conduzidas pelas autoridades brasileiras para reabertura do mercado da União Européia (UE) ao produto nacional. Após reunir-se com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário da Rússia, Sergei Dankvert, disse que a carne brasileira é de qualidade e defendeu transparência nas negociações comerciais. Segundo Dankvert, todos os países têm problemas, e o Brasil não é exceção.
Contrastando com as dificuldades que o Brasil enfrenta com a UE, Dankvert e Stephanes confirmaram que mais 40 frigoríficos brasileiros serão habilitados a vender carne para a Rússia. A área habilitada foi ampliada para 16 Estados. O russo elogiou a disposição do governo brasileiro em organizar as missões técnicas. "Não conseguiríamos organizar uma missão como essa na UE."
Dankvert afirmou que seu país nunca tratou os problemas comerciais com o Brasil do ponto de vista político. "Os russos são muito exigentes em termos sanitários, mas não impõem barreiras por questões comerciais", comentou Stephanes. No caso da União Européia, a maior pressão que levou o bloco a suspender as compras do Brasil veio dos pecuaristas irlandeses, que questionavam a qualidade do produto brasileiro e cobravam uma decisão do Parlamento Europeu.
Além dos europeus, Dankvert também criticou "países da América do Norte", que, segundo ele, cobram o cumprimento das regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) e defendem posição liberal, mas assumem outra postura. "Na verdade, eles não querem nenhuma solução, porque isso não lhes traria vantagens."
Durante entrevista, Stephanes lembrou da importância da Rússia para a balança comercial brasileira. As exportações cresceram de 44 mil toneladas em 2000 para 945 mil toneladas no ano passado, e renderam US$ 1,9 bilhão. Hoje, a Rússia gasta US$ 4 bilhões com importações de produtos agrícolas do Brasil. "As relações são positivas", disse Stephanes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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