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Nacional
Sábado - 23 de Fevereiro de 2008 às 20:51

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As equipes de resgate às vítimas de um naufrágio ocorrido no final da noite de quarta-feira (20) no rio Amazonas encontraram neste sábado dois corpos. Com isso, sobe para 16 o número de mortos no acidente. No total, 92 pessoas foram resgatadas com vida. Existe a possibilidade que outras quatro vítimas ainda estarem desaparecidas.

As buscas foram interrompidas às 18h e devem ser retomadas às 6h do domingo (24).

A embarcação Almirante Monteiro, feita de madeira, saiu de Alenquer (PA) e seguia para Manaus (AM). O acidente aconteceu na região da Vila Novo Remanso, em Itacoatiara, a 90 km do centro de Manaus, quando a embarcação bateu em uma balsa de combustível que vinha na direção oposta, impulsionada por outro barco (empurrador), e naufragou. A balsa deixou o local após o acidente.

Segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas, hoje foram resgatados os corpos de Jenivaldo Soares, 28, e de uma mulher que não foi identificada.

Além de Josivaldo, foram identificados: Rogério da Gama Caio, 9, Aline Santos Castro, de um ano meio de idade, Rainara Taiane Chaves, 3, Maria do Socorro Silva Leitão, 44, José Luiz Costa Leitão, 49, Antonia Vieira, 82, Lucas da Cruz Nunes, 29, Jacilene da Silva Nunes, 25, Lucas Júnior da Silva Nunes, 8 e Adriel Vitor da Silva, 7 --os últimos quatro são da mesma família, de acordo com a Marinha.

Polícia Civil

O condutor da balsa que bateu no barco Almirante Monteiro, Adejamar Andrade, 49, se apresentou anteontem à Polícia Civil, acompanhado de seu advogado. Ele negou negligência na navegação.

No porto de Itacoatiara, a polícia prendeu a balsa. Segundo o delegado Alexandre Moraes, a balsa --cujo condutor não parou para socorrer as vítimas-- está regularizada na Marinha e transportava 60 mil litros de combustível. Havia a suspeita --não confirmada-- que o transporte fosse ilegal.

Andrade foi acusado pelo condutor do Almirante Monteiro, Raimundo Martins, 53, de ter se aproximado com a luz da cabine apagada, o que teria dificultado a comunicação entre as embarcações.

Martins disse, em depoimento, que tentou se comunicar com a balsa por rádio, sem sucesso, para alertar sobre a proximidade entre os barcos, que vinham em sentidos opostos.

Andrade rebateu a afirmação e disse não ter ouvido chamado da embarcação. Afirmou que Martins tentou cruzar com a balsa em trecho estreito do rio. Disse ainda que não prestou socorro aos passageiros do barco porque não percebera a gravidade do acidente. 'Com a batida, ficamos com o motor parado e o do leme quebrou. Ficamos uma hora à deriva e não ouvimos gritos.'

Crianças

Seis das 16 vítimas são crianças menores de nove anos. Uma delas, um bebê, terá a identificação revelada por meio de exame de DNA, pois peixes como candiru e piranha atacaram a embarcação após o naufrágio. 'O corpo da criança está esqueletizado, impedindo sua identificação física', disse o legista Carlos Magno de Souza.

O delegado Alexandre Martins disse que os condutores dos barcos defenderam seus interesses nos depoimentos e que vai aguardar o laudo pericial da Marinha para indiciar os responsáveis por suspeita de homicídio culposo (sem intenção). 'Os depoimentos são antagônicos, mas a balsa bateu no barco em um impacto muito violento. A manobra errada de um ou de outro [condutor] será apontada pela Marinha.'

Famílias que enterraram os corpos de parentes nesta sexta-feira, em Manaus, defenderam punição aos condutores. Francisco Costa Leitão, 50, sobreviveu ao acidente com o filho, Jonas, 19. Perdeu no acidente a mulher, Maria do Socorro, e o irmão José Luiz. 'Tenho 30 anos de viagem de barco, mas nesta viagem meu irmão [José] não queria vir. Ambos [condutores] não podem se livrar [da responsabilidade pelo acidente].





Fonte: Agência Folha

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