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Cidades/Geral
Sábado - 23 de Fevereiro de 2008 às 16:53

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Índios guerreiros da etnia ikpeng, no Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso (MT), mantêm desde quinta-feira (21) 14 pessoas reféns no local, sendo oito pesquisadores da empresa Paranatinga Energia, quatro funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), uma antropóloga e um piloto. Eles não querem o funcionamento de uma usina hidrelétrica que foi construída no local.

Os índios estão irredutíveis e afirmaram que não aceitam negociar com representantes do governo. Eles querem negociar diretamente com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. O chefe do posto indígena do parque, Kumare Txicão, disse que os reféns passam bem, mas são vigiados por "índios guerreiros, prontos para o combate".

Na noite de sexta-feira (22), a Funai enviou a antropóloga Luzia Lima da Silva ao local para tentar resgatar os 12 pesquisadores e funcionários mantidos reféns na aldeia Moigy, mas a ação fracassou. Os indígenas aprisionaram a antropóloga e o piloto da aeronave que foi até o local.

De acordo com a Funai, os Ikpeng deveriam ter se deslocado de avião em Paranatinga, onde vivem, até o município vizinho de Canarana, em 12 grupos, de onde partiriam para a capital em três ônibus fretados. E depois seguiriam para Brasília, onde aconteceriam as negociações.

Para resolver este impasse, índios devem negociar com índios. De acordo com o superintendente de Assuntos Indígenas de Mato Grosso, Rômulo Vandoni, as negociações evoluíram neste sábado pela manhã.

Os índios do Médio Xingu teriam aceitado que o piloto buscasse outras lideranças indígenas do Parque, do Alto Xingu, para que assim sejam definidos os representantes deles para participar de uma reunião com a Funai, em Brasília.

A hipótese do presidente da Funai ir até o local está praticamente descartada. A Funai disse que já negociou com os índios a ida deles para Brasília. Mas os índios informaram que não querem ir até a Capital Federal e afirmam que pretendem negociar em solo mato-grossense.

A situação no local continua tensa. Os reféns estão em uma casa, onde têm direito a usar banheiro, comer, tomar água e remédios, se necessário.

Os índios estão revoltados com a presença de pesquisadores no local para estudar sobre o impacto de uma pequena usina hidrelétrica (PCH), construída no rio Culuene, em Paranatinga. A PCH está pronta para funcionar, mas os índios não aceitam o funcionamento da usina.

Eles afirmam que o impacto ambiental gerado vai comprometer a sobrevivência deles. O rio Culuene é um dos afluentes da Bacia do Xingu, região ocupada por cerca de 14 etnias indígenas. Os rios e as matas da região são as principais fontes de alimentação dos índios.

A empresa Paranatinga Energia não revelou os nomes dos pesquisadores feitos reféns nem as áreas em que eles atuam.





Fonte: Olhar Direto

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