Ofensiva turca contra rebeldes curdos deixa mais de 80 mortos

Pelo menos 79 militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e sete militares turcos morreram na ofensiva deflagrada há três dias pelo Exército turco contra posições dos rebeldes no norte do Iraque.

Neste sábado, os confrontos mataram 35 rebeldes curdos e dois soldados turcos, segundo o Exército da Turquia. "Nas operações em curso no dia 23 de fevereiro (...) 35 terroristas foram eliminados", informou o Exército, acrescentando que perdeu dois soldados.

No total, os combates por terra, ataques aéreos e disparos de artilharia já mataram 79 rebeldes, enquanto o Exército turco perdeu sete soldados. Intensos combates e disparos de artilharia entre as tropas turcas e os rebeldes curdos duraram toda a madrugada deste sábado, constatou o jornalista da AFP na região.

Segundo agentes de fronteira curdos, o Exército bombardeou neste sábado as regiões iraquianas de Ballo, Zio, Niro e Rikane. "Os bombardeios foram iniciados às 6h local (24h de Brasília) e persistiram durante duas horas", afirmou uma fonte dos serviços de segurança da fronteira.

O Exército turco disse ter informações de que os dirigentes do PKK "estão fugindo em pânico da região em direção ao sul". Testemunhas relataram disparos de artilharia contra objetivos na região de Al Amadiyah, na zona montanhosa do Iraque a 10 km da fronteira turca.

Os montes Kandil, onde se encontra o centro de comando do PKK, na zona da fronteira com o Irã, também foi bombardeado e vários rebeldes morreram, informou a agência turca Anatolia.

Segundo a agência Firat News, considerada como a porta-voz do PKK, os combates terrestres ocorrem na zona de Zap, para onde o Exército turco está enviando reforços. Moradores das regiões de Hakurk e Sidekan, cidades iraquianas próximas à fronteira turca, afirmaram ter ouvido disparos constantes de armas automáticas, assim como a passagem de aviões e helicópteros.

Incessantes disparos de artilharia foram ouvidos esta madrugada no setor de Bamerni, cerca de 40 km a sudoeste da fronteira, onde o Exército turco mantém pequenas bases desde os anos 90, segundo testemunhas.

As tropas turcas lançaram na noite de quinta-feira uma operação terrestre no norte do Iraque contra os rebeldes separatistas do PKK, que utilizam esta região como base para efetuar ataques na Turquia.

Os rebeldes ameaçaram hoje realizar ataques contra as cidades turcas, sem colocar civis em perigo, caso Ancara não interrompa sua ofensiva: "Se a Turquia mantiver seus ataques, realizaremos operações de guerrilha nas cidades turcas, sem apontar para a população civil", afirmou à AFP um porta-voz do PKK, Ahmad Danis.

O PKK é considerado uma organização terrorista por Ancara, Estados Unidos e União Européia. Em reação aos confrontos na região, o governo do Curdistão iraquiano responsabilizou hoje os Estados Unidos pela operação turca no norte do Iraque, ao acusá-lo de ter autorizado Ancara.

"Responsabilizamos o governo norte-americano pelas operações militares (turcas), já que, sem o seu consentimento, a Turquia não violaria a soberania terrestre e aérea do Iraque", criticou um porta-voz do governo em Erbil, Fallah Mustafa, em entrevista à AFP.