Falso médico “opera” paciente no Nortão
A denúncia do caso foi feita pela secretária municipal de Saúde do município, Célia Soffa, que desconfiou do caso logo após a data da cirurgia. De acordo com a delegada regional em Sinop, Fátima Moggi, que instaurou inquérito para investigar o caso, o falsário usou nome, número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) e currículo de um médico que de fato tem formação e atua na região Sul do país. “O homem viu na internet que a prefeitura de Tabaporã estava contratando um médico. Então, ele pegou o currículo de um médico verdadeiro, inseriu mais algumas informações nesse currículo, usou nome e qualificação do profissional e se apresentou como sendo este médico”.
Conforme o inquérito, o falsário chegou à cidade no dia 12 de janeiro, um sábado, e se hospedou em um hotel. No domingo, dia 13, ele foi ao hospital e o atendimento que fez foi uma emergência. A vítima já havia passado por consultas com outros médicos, os quais constataram a apendicite e a necessidade da cirurgia. Como os demais médicos não eram cirurgiões e o falsário se apresentou como tal, ele próprio se ofereceu para realizar o procedimento. O paciente fora liberado na segunda-feira, dia 14. Após isso, o acusado fez outros atendimentos, porém apenas consultas médicas. Na terça-feira, o paciente operado começou a apresentar complicações e febre alta e foi encaminhado para São Paulo, para ser tratado pelo pai, que é médico.
Enquanto isso, na quinta-feira, o médico falso recebeu uma ligação no hospital, com a qual explicou aos colegas ser o aviso do falecimento de sua mãe. Então, no mesmo dia ele saiu da cidade dizendo que iria até Goiânia para o sepultamento. Na semana seguinte, como ele não apareceu no hospital e pelo quadro de complicação do paciente que havia sido operado, a secretária de saúde desconfiou e tentou entrar em contato com o CRM, pelos documentos que ele havia apresentado. Somente em fevereiro conseguiu confirmar que ele usou os documentos do médico A. B. A. L. e que havia fugido.
Conforme a delegada Fátima, o único documento que ele havia apresentado era um cartão de Cadastro de Pessoa Física (CPF) que, de fato, tinha o nome do médico verdadeiro. “No dia 28 de janeiro, ele conseguiu fazer um novo CPF, um documento fornecido pelo Ministério da Fazenda, era verdadeiro, mas tinha o nome falso. Ele apenas modificou uma letra de um dos nomes do médico verdadeiro e conseguiu o documento como se fosse dele, ou seja, tem o mesmo nome, mas com escritas diferentes. O restante dos documentos, como carteira de identidade e diploma, ele ficou enrolando a secretaria e não apresentou”.
Agora a Polícia Civil de Sinop está investigando o caso em parceria com a polícia de Goiânia. Diversas testemunhas já foram ouvidas e uma carta precatória já foi enviada para Goiás para que as investigações sejam feitas.
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