Decisão sobre milho transgênico é irresponsável, diz representante da Via Campesina
"Deveriam ter sido feitos mais estudos, considerando que os apresentados pela Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia [CTNBio] não foram suficientes para comprovar que o milho transgênico não faz mal à saúde ou ao meio ambiente", afirmou.
Maria Costa lembrou que cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliar as conseqüências para a saúde. "Se a Anvisa diz ao ministro da Saúde que pode haver algum risco, que deveriam ser feitos mais estudos e o Conselho não considera isso, no mínimo foi uma decisão irresponsável", afirmou.
Segundo ela, o fato de não estar comprovada a contaminação ambiental também traz o risco de "perda da biodiversidade, contaminação de sementes crioulas cultivadas pelos pequenos agricultores, indígenas e quilombolas". A área de 100 metros a partir da qual é permitido o plantio de transgênicos, acrescentou, não é suficiente para evitar a contaminação: "O pólen pode ser levado por quilômetros, pelo vento, pelos insetos."
Maria Costa alertou também para o ressarcimento dos prejuízos aos agricultores: "Ninguém sabe a quem eles vão recorrer neste caso, se à Justiça, à CTNBio, a quem plantou a semente transgênica ou a quem vendeu essa semente. E ainda existem os royalties que quem planta transgênicos tem que pagar, hoje, às empresas multinacionais."
Já Goran Kuhar, presidente da Associação Brasileira de Obtentores Vegetais (Braspov), elogiou a ratificação de uma decisão "tomada com base em dados técnicos, ao aprovar dois produtos que dão mais uma opção de manejo ao agricultor". E concluiu: "Ninguém é obrigado a plantar transgênico. O agricultor planta se quiser."
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