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Internacional
Segunda - 04 de Fevereiro de 2008 às 14:32

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SAINT LOUIS, EUA, 4 Fev 2008 (AFP) - Lirismo contra precisão, multidões em delírio contra platéias concentradas: a campanha e o público dos democratas Barack Obama e Hillary Clinton são tão diferentes quanto os próprios candidatos.

Hillary Clinton, a ex-primeira-dama estudiosa que quer ser a primeira mulher a ocupar o Salão Oval, costuma dizer que "se faz campanha com poesia, mas governa-se com prosa".

Ela assume seu estilo mais austero, em nome da seriedade que exige "o monte de problemas" deixados pela administração republicana de George W. Bush.

Vários militantes, entre eles muitas mulheres de cerca de 50 anos, afirmam gostar das propostas concretas de Hillary Clinton.

Pragmática e eficiente, a ex-primeira-dama costuma se poupar dos contatos demorados com as multidões e insere o mínimo de humor em seus discursos. Evitando ao máximo elevar uma voz cansada, ela enumera números e dados concretos e promete "arregaçar as mangas" para resolver os problemas dos americanos.

Segundo especialistas, Barack Obama, 46 anos, apresenta à América "a imagem que ela quer ter dela mesma": moderna, multiétnica e sem complexos. Para o candidato que quer ser o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, seu embate contra Hillary Clinton é a batalha do "passado contra o futuro".

O argumento da juventude permite a Obama assumir sem complexos sua falta de experiência em Washington. O homem que tem apenas três anos de presença no Senado americano não duvida em qualificar Hillary Clinton de "ponte para o século XX" e promete nada menos que "mudar o mundo".

O carismático senador de Illinois atrai multidões gigantescas a cada um de seus atos de campanha. Para muitos especialistas, ele é o orador mais talentoso de sua geração.

Os mais idosos afirmam se emocionar tanto ao ouvi-lo como quando escutavam John ou Bobby Kennedy nos anos 60. Estão incluídos neste caso a própria filha do presidente assassinado, Caroline, seu irmão Edward e a viúva de Bobby, Ethel.

Entretanto, o lirismo de Obama também permite a Hillary Clinton alegar que ele esconde sua falta de substância atrás de seus talentos de orador. O público e a imprensa se deixam freqüentemente levar por seus discursos inflamados, sem prestar atenção às propostas concretas.

A editorialista Maureen Dowd descreveu o embate dos dois como o de "Obambi" contra "Hillzilla", o idealista contra a vontade de vencer.

Desde então, ambos tentaram corrigir essas caricaturas: Hillary Clinton chorou publicamente há um mês, e Obama não hesita mais em multiplicar os ataques, diretos ou implícitos, contra o casal Clinton.

No entanto, o contraste entre os dois continua claro: "se você vota em Clinton, você acredita que o progresso só vem com o combate, e que Hillary é mais capacitada que Obama para sobreviver no ambiente obscuro de Washington. Ao contrário, o voto em Obama significa que você tem um lado romântico, que você nunca teve seu John Kennedy ou seu Martin Luther King e que você procura um, desesperadamente", resumiu a revista New York Magazine.




Fonte: AFP

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