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Economia
Quinta - 31 de Janeiro de 2008 às 15:27

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O Mato Grosso do Sul vai triplicar, em pouco mais de um ano, o volume de produção de jacarés-do-Pantanal (Caiman crocodilus yacare) e, com isso, disponibilizar o couro, em escala, para indústrias e processadores nacionais e internacionais. O destino da pele é a sua transformação em bolsas, casacos, vestidos, maletas, sapatos e blusas. Além do valor natural da pele de jacaré no mercado mundial, a produção do MS terá forte plus agregado por ser originária do único criatório de jacarés precoces do Brasil - animais são abatidos com idade entre 12 e 15 meses. Isso quer dizer que tanto o couro quanto a carne possuem qualidade superior aos produtos originários das demais criações de jacaré-do-Pantanal.

Única fazenda autorizada e em produção de jacarés no Mato Grosso do Sul, a Reino Selvagem - localizada há 226 km de Campo Grande/MS, no Pantanal de Miranda - contava até dezembro de 2007 com um rebanho de 12 mil cabeças de jacaré em cultivo e abate perto de seis mil cabeças/ano. A produção anual de seis mil peles - ou 500 unidades/mês - ainda não é suficiente para atender demanda em escala. Já em processo de aumento do rebanho, a fazenda que atingir em maio de 2009, o abate anual de até 18 mil animais, elevando seu rebanho médio para 26 mil cabeças. Sua meta, no entanto, é ainda mais audaciosa: quer abater 60 mil animais/ano até 2012.

De acordo com o produtor Gerson Zahdi, proprietário da Reino Selvagem, o preço do couro chamado "verde" (sem curtimento, apenas curado) varia de R$ 3,00 a R$ 5,00 por centímetro linear medido a partir da parte mais larga da barriga. Após curtimento, o valor sobe para aproximadamente R$ 10,00. Uma pele inteira tem valor médio pago ao produtor variável entre R$ 400,00 e R$ 500,00. Atingindo 18 mil peles/ano, a fazenda terá uma produção em 2009 estimada em até R$ 9 milhões (valor bruto, sem custo de produção) apenas em couro, sem contabilizar a remuneração pela carne.

A expectativa de mercado é considerada boa, principalmente a partir da decisão dos Estados Unidos em retirarem o jacaré-do-Pantanal da lista de animais considerados em extinção. Com isso, abriu-se o mercado norte-americano para as peles do jacaré pantaneiro, além de influenciar outros mercados a fazerem o mesmo.

DESEMPENHO

O criatório da Reino Selvagem foi implantado entre os anos de 1995 e 1996. No início, levava de dois a três anos para produzir um animal com três quilos/vivo. Com um ano de idade, um jacaré dificilmente passava de 1,5 quilo. Com o passar dos anos, a produtividade de carne e a precocidade passaram a ser o diferencial de seu rebanho. "Agora pelo menos 33% do meu rebanho leva apenas 12 meses para atingir seis quilos/animal/vivo e é abatido com esta idade", garantiu Zahdi. Tudo, segundo ele, graças a um manejo alternado com melhoramento genético e ausência de fator de crescimento hormonal.

Gerson Zahdi faz a comparação da precocidade de seu rebanho com os criatórios existentes no estado vizinho do Mato Grosso (*). De acordo com ele, no MT, a idade média para o abate é de 2,5 anos ou 30 meses. O cultivo na Reino Selkvagem é feito em células climatizadas e onde os animais não sofrem incidência da luz solar. Este é um segredo para a qualidade do couro do jacaré produzido na sua propriedade. "A luz do sol promove a síntese da vitamina `d´ no animal, aumentando a calcificação da pele; esta calcificação gera um couro de segunda ou de terceira classes", explica.

Além da produção de jacarés, a Fazenda Reino Selvagem conta com um rebanho bovino (duas mil cabeças) e criações de equinos e ovinos. Juntamente com a vizinha Fazenda Cacimba de Pedra - considerada uma propriedade co-irmã, voltada quase exclusivamente para o turismo - mantém o Núcleo de Cultura Rural (para o acompanhamento técnico, educativo ou turístico da lida com os animais). A Cacimba de Pedra possui uma pousada com receptivo voltado sobretudo para turistas europeus, asiáticos e norte-americanos.





Fonte: AquidauanaNews

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