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Cidades/Geral
Quinta - 31 de Janeiro de 2008 às 09:19

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Querência, a 600 km de Cuiabá, está no entorno do Parque Indígena do Xingu e é o cenário do corte ilegal de madeira, retirada da área de reserva do assentamento Pingo DÁgua, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um dos terrenos abertos estava no lote 394, do assentado identificado apenas como Cláudio. A casa de tábuas tinha sido transformada em alojamento e servia de depósito para o combustível dos equipamentos. No local funcionava também uma serraria improvisada.

De acordo com o analista de meio ambiente Joelson Campos, os madeireiros fizeram um "arrastão" na floresta, efetuando corte seletivo de espécies nobres. Foram encontrados, "fatiados", troncos de garapeira, madeira bastante resistente e usada para fazer vigas ornamentais. Ele identificou também jatobás e angelins. "Provavelmente, o assentado vendeu a madeira, com o compromisso dos madeireiros limparem a área." O passo seguinte do desmatamento, segundo ele, seria o corte raso e a queima da mata. O corte e a retirada da madeira dificilmente são detectados pelo sistema de satélite que monitora o desmatamento, pois a mata fica rala, mas continua em pé. "Só quando a área for toda desmatada ou queimada é que o satélite vai registrar."

Em Querência, as lavouras de soja se perdem no horizonte. As porções de mata se assemelham a pequenas ilhas cercadas de lavoura por todos os lados. Nos raros locais onde existe floresta, há marcas de incêndios recentes.

Na Fazenda Tanguro, do governador Blairo Maggi (PR), um trecho da mata foi queimado para dar lugar a um pasto, mas as marcas do fogo são antigas. Há também uma área reflorestada com seringueiras. Em 66 km da estrada, roda-se sem sair da fazenda, uma das maiores da região. É o único trecho em que ainda existe floresta dos dois lados da via. Mas há também soja a perder de vista. As lavouras invadem a área urbana de Querência, onde se instalaram grandes empresas de grãos, como a Cargill e ADM.

As queimadas também atingiram áreas sem floresta. Agricultores e pecuaristas usam o fogo para limpar os terrenos. "Muitos desmatamentos registrados pelo Deter eram áreas já desmatadas", diz Campos. Ele reconhece que a região perdeu grande parte da cobertura original. Pela lei, só se pode abrir 20% em áreas de floresta e 35% no cerrado. Em matas de transição, valem os 20%. "Está evidente que se desmatou além da conta." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo





Fonte: 24 Horas News

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