Vagas com carteira assinada devem crescer em 2008, mesmo com crise
"Esperamos que o processo de formalização continue. A turbulência dos mercados internacionais vai afetar o crescimento, mas a economia brasileira está muito bem. Se não tiver nenhum cataclisma, se os juros não subirem demais, se o crédito não paralisar, temos condições de manter o ritmo do mercado de trabalho", disse Loloian.
Segundo levantamento da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado na região metropolitana de São Paulo cresceu 6,8% em 2007 (a 3,906 milhões), pelo quinto ano consecutivo. Já o número sem carteira diminuiu 2,8% (a 1,129 milhão), interrompendo a elevação registrada nos três anos anteriores. O total de assalariados na região metropolitana de São Paulo atingiu 5,747 bilhões em 2007 --alta de 3,6% ante 2006.
"Na década de 90, o crescimento maior foi de vagas sem carteira e autônomos, enquanto as vagas com carteira registraram queda, uma característica de economia instável, em que as empresas têm dificuldade de prever o futuro e lançam mão de um recurso ilegal", disse o coordenador da Fundação Seade.
A Fundação Seade e o Dieese divulgaram, nesta quarta-feira, a taxa média de desemprego na região metropolitana de São Paulo em 2007, que ficou em 14,8%, a menor taxa desde 1996 (quando foi de 15,1%). Em dezembro, o índice recuou para 13,5%, ante 14,2% em novembro.
Salários
Se a taxa de desemprego cai e o número de trabalhadores formais cresce, os rendimentos não acompanham o movimento, nem para os assalariados nem para os ocupados. O rendimento médio real dos ocupados caiu 0,3% (a R$ 1.140) em 2007 e o dos assalariados, 0,7% (R$ 1.202). Em termos monetários, os valores são semelhantes aos registrados desde 2004 e inferiores aos de anos anteriores, segundo a Fundação Seade e o Dieese.
"Os rendimentos não acompanham o andar da carruagem. A economia cresce, a taxa de desemprego recua, mas os salários não acompanham.
Segundo Loloian, a oferta ainda grande de mão-de-obra (sobretudo jovem e qualificada) e a criação de vagas de baixa exigência impedem a melhoria dos salários. "A economia brasileira joga fora competência e capacitação ao não oferecer empregos bons. (...) Espero que com a retomada dos investimentos, e se o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] desempacar, o quadro mude e eleve a média salarial", diz Loloian.
Para ele, a indicação de novos investimentos no final do ano passado devem segurar, inclusive, o aumento da taxa de desemprego em janeiro, como historicamente ocorre. "Em geral, em janeiro, o nível de ocupação cai, mas o número de pessoas que se apresenta ao mercado não diminui na mesma proporção", afirma Loloian. "No final do ano passado houve indicação forte de investimentos. A retomada dos investimentos pode ser um paliativo à redução da ocupação, que normalmente ocorre no início de todo o ano", acrescenta.
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