Alga brasileira esconde arma que pode impedir a transmissão da Aids
Uma alga marinha típica da costa brasileira pode esconder uma arma eficaz para o controle da transmissão do HIV, segundo pesquisadoras do Rio de Janeiro. O composto, quando transformado em gel e utilizado junto com a camisinha, pode ser uma proteção extra contra a Aids para as mulheres, que são mais vulneráveis ao contágio por via sexual .
A descoberta foi feita quase por acaso. Graças a uma aluna em comum, que insistiu em analisar as amostras, a professora de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense Valéria Teixeira e a bióloga Izabel Paixão passaram a trabalhar juntas. Valéria ficou responsável por extrair a substância das algas Dictyota pfaffii, abundantes no litoral brasileiro. Izabel, por sua vez, fez os estudos de eficácia e toxicidade da substância.
O composto, o dolabelladienetriol, é bastante promissor, segundo Valéria Teixeira. “Não apenas é eficiente, mas é fácil de achar e bastante estável. Deixei amostras na geladeira por três anos e elas continuam puras”, explicou ela ao G1. Esse alto prazo de validade torna a substância ideal para ser usada em forma de gel.
De acordo com Izabel Paixão, o dolabelladienetriol impede a multiplicação do vírus assim que ele entra dentro de uma célula. Sozinho, não é suficiente para assegurar que o contágio será evitado -- por isso, o uso da camisinha seguiria indispensável --, mas é uma medida de precaução extra. Mais ou menos como os espermicidas, usados em conjunto com o preservativo, para evitar uma gravidez indesejada.
No momento, Izabel coordena os testes em cobaias, para avaliar como a substância se comporta em um organismo. Até agora, os resultados são promissores. “O composto é tão seguro que estamos tendo dificuldade em identificar a dose letal”, afirma.
A próxima fase envolve testar o gel em fêmeas de camundongos para comprovar sua eficácia contra o vírus. Esses testes devem todos ser feitos ao longo deste ano. Em mais um ou dois, se tudo der certo, devem começar os testes em seres humanos. Se a eficácia e segurança do medicamento forem comprovadas, ele deve ser colocado no mercado dentro de cinco anos.
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