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Sexta - 25 de Janeiro de 2008 às 13:02
Por: Carlos Eduardo Lemos

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O bicheiro João Arcanjo Ribeiro, 55 anos, o “comendador”, negou que tenha recebido regalias enquanto esteve no Presídio Pascoal Ramos, de Cuiabá. Apesar disso, em uma hora de depoimento prestado ao juiz Alexsandro Motta, da Vara de Carta Precatória do Fórum da Capital, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, deixou mais dúvidas que esclarecimentos. Acusado de comandar a nova face do jogo do bicho no Estado de dentro do cárcere, Arcanjo disse que se houve irregularidades, a responsabilidade é da Secretaria de Segurança do Mato Grosso.

A investigação de privilégios enquanto estava preso no Pascoal Ramos é uma das oito ações em que João Arcanjo aparece com réu. Nessa ação, especificamente, o Ministério Público afirma que o bicheiro teria obtido as regalias graças as boas relações que supostamente ainda mantém com o aparato de segurança pública, na qual esteve envolvido por vários anos, enquanto comandava o crime organizado no Estado. “Foi tudo tranqüilo”, disse Arcanjo, com sua habitual calma, logo após sair da sala de audiências no segundo andar do Fórum.

Arcanjo estava algemado e foi escoltado por três agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) rumo ao Presídio Federal de Campo Grande. O bicheiro respondeu a 20 perguntas da carta precatória, enviada pela Justiça de Mato Grosso, e outras seis feitas pelo advogado Zaird Arbid, que defende seus interesses.

O processo é de 2007 e aponta que o “comendador” teria escritório dentro da unidade prisional Pascoal Ramos, de onde comandava o jogo do bicho. Para provar a tese da defesa, Arbid pediu todas as fitas de áudio e vídeo das gravações monitoradas dentro da unidade prisional. “Ele não recebia nem barra de cereal, nem visita intima como é que tinha escritório lá dentro? “ – defende o advogado. O processo corre sob segredo de Justiça.

Arcanjo cumpre pena desde outubro de 2007 no Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande. Com o título honorífico de Comendador concedido pela Assembléia de Mato Grosso, João Arcanjo é acusado de comandar o crime organizado com ramificações em cinco estados e no exterior e de sonegar R$ 840 milhões da Receita Federal.

O MPE aponta que Arcanjo passou de policial civil para empresário do jogo do bicho acumulando patrimônio de R$ 1,2 bilhão. No entanto, o advogado dele acredita que o valor está superestimado e deve ser de pelo menos R$ 500 milhões. Para Arbid, no Brasil as pessoas físicas costumam minimizar o valor do patrimônio para fugir do Imposto de Renda. “Arcanjo sabe que os dias passarão e essa chuva vai passar e ele estará em liberdade o mais breve possível”, afirma Arbid.

Ele descarta o envolvimento do cliente com o jogo do bicho, mas diz que há uma estratégia daqueles que querem o lugar dele frente aos negócios na capital mato-grossense. “Todos querem suceder João Arcanjo”, afirma. O “empresário” é dono de uma das maiores psiculturas da América Latina que funciona em Cuiabá, de shopping center em Rondonópolis (MT), dois hotéis em Tangará da Serra (MT) e de um hotel em Orlando, nos Estados Unidos.

A condenação de Arcanjo em três processos é de 16 anos. Mas, há mais oito que envolvem jogatina, lavagem de dinheiro, corrupção e até homicídios, entre eles o que tramita no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, pela morte de Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior, proprietário do jornal “Folha do Estado”, de Cuiabá. Sávio foi morto em setembro de 2003. O jornal vinha denunciando os crimes cometidos por Arcanjo. Em primeira instância, Arcanjo já havia sido sentenciado.

O preso foi transferido para Campo Grande no dia 16 de outubro de 2007, vindo de Cuiabá. A transferência foi uma determinação judicial e a permanência na penitenciária é por prazo indeterminado. Ele havia sido capturado em 3 de abril de 2002, em Montevidéu, no Uruguai, e posteriormente foi extraditado para o Brasil onde responde na Justiça por uma série de crimes.

Com Jacqueline Lopes, da Midiamax





Fonte: 24 Horas News

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