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Internacional
Quarta - 23 de Janeiro de 2008 às 19:31

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Nairóbi, 23 jan (EFE) - A oposição do Quênia cancelou hoje as manifestações pacíficas previstas para amanhã a pedido do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, chefe da equipe encarregada de mediar o diálogo entre a oposição e o Governo do país.

Annan, que chegou na terça-feira à capital Nairóbi, previa iniciar hoje alguns encontros, mas não pôde se reunir com o presidente do Quênia, Mwai Kibaki, devido à longa reunião que o governante manteve com o dirigente de Uganda, Yoweri Museveni.

Ele se encontrou então com o chefe do opositor Movimento Democrático Laranja (ODM), Raila Odinga, primeiro, e com toda a cúpula do partido mais tarde.

William Ruto, um dos membros da cúpula executiva do ODM, declarou que seu partido tinha aceitado desmobilizar as manifestações de protesto previstas para amanhã para não prejudicar as negociações, que são delicadas.

Segundo o ODM, se trata de um primeiro compromisso do movimento.

"Esperamos que Annan possa se encontrar amanhã com Kibaki antes de nos reunirmos de novo com ele para tentar regular a profunda crise que atravessa o país", acrescentou Ruto.

Annan chegou a Nairóbi para substituir o presidente rotativo da União Africana (UA) e chefe de Estado de Gana, John Kufuor, que visitou Nairóbi entre os dias 8 e 10 de janeiro, mas não conseguiu avanços na tentativa de reconciliar o Governo e a oposição.

A crise atravessada pelo Quênia desde as eleições do dia 27 de dezembro deixou cerca de mil mortos, segundo os cálculos da oposição. Kibaki foi o vencedor do pleito, mas a oposição assegura que houve fraude.

Nairóbi voltou hoje a ser palco de choques entre partidários do ODM e a Polícia.

Odinga e toda a cúpula do ODM ofereceram uma missa em homenagem às vítimas em um centro esportivo. Mais de três mil simpatizantes da legenda compareceram para dar um último adeus a 28 mortos velados no campo de futebol.

Enquanto Odinga se dirigia à multidão, advertindo que seu partido não se renderá e lutará até o fim contra o Governo, centenas de jovens pararam o trânsito e apedrejaram carros ocupados por kikuyus, a etnia majoritária do país e a qual pertence o presidente Kibaki.

Três adolescentes tiveram suas roupas arrancadas e sete veículos, entre eles duas caminhonetes que transportavam pessoas, foram destruídos a pedradas.

Forças policiais chegaram minutos depois, e foram recebidas com uma chuva de pedras apesar das tentativas de alguns deputados do ODM de acalmar os luos (a etnia de Odinga) presentes no local, acusando a Polícia de ter matado mais de 600 dos seus.

As forças de segurança reagiram, lançando contra a multidão bombas de gás lacrimogêneo, inclusive dentro do centro esportivo.

Odinga e seus colegas de partido declararam que a Polícia pretendia destruir um ato solene e pacífico. "Comprovamos, mais uma vez, que Kibaki deseja abortar qualquer tentativa de solucionar este conflito", disse Ruto.

Não há registros de feridos, mas a desordem envenenou os ânimos entre os partidários do ODM. Segundo um jovem luo, "não haverá paz até que Odinga seja presidente".

"Assim nos trata o Governo", clamava um homem durante o protesto. "Queremos e precisamos de armas", acrescentou.




Fonte: EFE

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