Estudo diz que Bush fez 259 afirmações falsas sobre o Iraque
O presidente George W. Bush e seu gabinete emitiram centenas de afirmações falsas sobre a ameaça do Iraque para a segurança dos Estados Unidos após os atentados de 11 de Setembro, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (22) pelo Centro para a Integridade Pública.
O texto afirma que no total houve 935 afirmações falsas de Bush e de membros de seu gabinete nos dois anos após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Bush foi o autor de 259 dessas declarações, 231 sobre as supostas armas de destruição em massa e 28 sobre os denunciados vínculos do Iraque com a al-Qaeda, disse o estudo.
A Casa Branca não comentou as conclusões do estudo, preparado em colaboração com o Fundo para a Independência no Jornalismo.
Essas declarações "foram parte de uma campanha orquestrada que galvanizou a opinião pública e levou o país a uma guerra com justificativas decididamente falsas", indicou o relatório.
Antes da intervenção militar para derrubar o governo do presidente Saddam Hussein em março de 2003, o governo Bush afirmou que o líder iraquiano estava envolvido com o terrorismo e desenvolvia armas de destruição em massa.
As armas de destruição em massa nunca foram encontradas e as investigações posteriores indicaram que não existia essa cumplicidade de Saddam Hussein com o terrorismo.
"Agora não existe nenhuma dúvida de que o Iraque não tinha armas de destruição em massa ou contatos importantes com a al-Qaeda", manifestaram Charles Lewis e Mark Reading Smith, membros do fundo em um prólogo do estudo.
"Em resumo, a administração Bush levou o país a uma guerra fundamentada em informação errônea que se propagou metodicamente e que culminou com a ação militar contra o Iraque em 19 de março de 2003", afirmaram.
Segundo o estudo, além do governante americano, fizeram declarações falsas seu vice-presidente, Dick Cheney, a conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice (atual secretária de Estado), o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld, e o ex-secretário de Estado Colin Powell.
O estudo acrescentou que o efeito acumulado dessas afirmações foi enorme e que os meios de comunicação seguiram a corrente do governo.
"Alguns jornalistas, e até algumas organizações de imprensa, reconheceram que durante os meses anteriores à guerra adotaram uma atitude condescendente e sem críticas" em relação ao governo, assinalou o estudo.
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