Paraná adota o "vazio sanitário"; plantio da safrinha está proibido
Foi assinada pelo secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Valter Bianchini, a resolução que proíbe o plantio da soja safrinha, entre os meses de fevereiro e março. O vazio sanitário vai vigorar entre 15 de junho a 15 de setembro de 2008. Nesse período não pode haver nenhum plantio, colheita ou manuseio inadequado de soja. Até mesmo as plantas voluntárias que nascem em beiras de estradas, caminhos e ferrovias, devem ser eliminadas, determina a resolução.
A medida visa evitar a proliferação da ferrugem asiática, doença que já causou prejuízos avaliados em R$ 3,82 bilhões à sojicultura brasileira na safra 2005/06. O Paraná é o oitavo Estado a adotar o vazio sanitário para a soja. A medida já foi implantada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão, Minas Gerais e São Paulo. Os produtores que não cumprirem a resolução sofrerão as penalidades legais que podem chegar até à restrição de crédito rural e interdição da propriedade.
O vazio sanitário para a soja é uma medida de consenso entre os setores produtivo e de pesquisa e, por isso, não deverá causar impacto econômico. A soja safrinha, plantada no início do inverno, ocupa uma área considerada insignificante para a produção estadual. Na última safra foram plantados 78 mil hectares, que corresponderam a 2% da área de soja plantada no período normal. A produção obtida na safra passada, de 126 mil toneladas, representou 1% da produção normal do Estado. Na região de Campo Mourão foram plantados no ano passado cerca de quatro mil hectares de soja safrinha e teve uma produtividade de 70 sacos por alqueire.
A Secretaria da Agricultura conta com a ajuda do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) para campanha de conscientização junto aos produtores, sindicatos, cooperativas e representantes do comércio e da indústria. Representantes da assistência técnica pública e privada também deverão se envolver na orientação aos agentes de toda a cadeia produtiva da soja.
A ferrugem asiática entrou no Brasil e no Paraná no final da safra de verão 2000/2001. No primeiro ano, provocou queda de produtividade de 70% nas lavouras afetadas. Na safra 2003/04, provocou a perda de 4,5 milhões de toneladas de soja no Paraná. A doença é muito agressiva, provocada por um fungo de alta capacidade de reprodução e que necessita de hospedeiro vivo para sobreviver, no caso as plantas de soja.
O vazio sanitário é uma medida preventiva recomendada pela pesquisa, que orienta a eliminação do hospedeiro para se eliminar o fungo. A doença provoca a queda das folhas e a prejudica a formação dos grãos, derrubando drasticamente a produtividade das plantas.
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