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Internacional
Sexta - 18 de Janeiro de 2008 às 19:33

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Paris, 18 jan (EFE) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, colocou hoje a construção européia no topo de suas prioridades ao traçar seus objetivos de política externa para o ano em que a França presidirá a União Européia (UE) a partir do segundo semestre.

Ele defendeu também as ações realizadas por seu governo, de somente oito meses, no plano internacional, em discurso diante do corpo diplomático francês, durante a tradicional felicitação de Ano Novo.

Sarkozy, que não acredita em "fatalidade" e para quem os "dois desafios" do século XXI serão a mudança climática e "a volta da religião" às sociedades, defendeu sua "diplomacia da reconciliação", que "não é uma diplomacia da complacência".

Resolvido a dialogar com o mundo para reduzir tensões ou buscar soluções com base nos valores e princípios da França, moldou suas ações pela libertação das enfermeiras búlgaras na Líbia e a favor dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

O presidente francês falou particularmente da colombo-francesa Ingrid Betancourt, seqüestrada pela guerrilha colombiana, que deve "voltar para casa sem demoras".

Também em nome dessa diplomacia da reconciliação adotou iniciativas polêmicas, como o apoio ao presidente líbio, Muammar Kadafi, ou os contatos, antes interrompidos, com a Síria.

Sarkozy defendeu a aproximação com os Estados Unidos. "Quis posicionar a França, clara e francamente, no seio de sua família ocidental", disse.

Em um mundo que perdeu suas referências, é preciso "afirmar com clareza onde nos posicionamos e quais valores são essenciais para nós", afirmou o chefe de Estado francês.

Este "reposicionamento não é uma renúncia e não atenta contra nossa independência ou liberdade de ação e palavra", disse o presidente.

Ao se posicionar "claramente em sua família ocidental", a França "aumenta sua credibilidade, margem de ação, capacidade de influência tanto dentro como fora de sua família", acrescentou.

Dentro desta família, a principal prioridade é a construção da UE, afirmou Sarkozy, que disse que com a assinatura do tratado simplificado, a Europa está novamente "em andamento" e a França retomou "seu lugar" no bloco europeu.

Apesar de um entendimento entre França e Alemanha ser "mais essencial que nunca", o presidente francês deseja ouvir os novos Estados-membros e "estreitar" os laços com os parceiros do Mediterrâneo.

Para a próxima Presidência da UE, que será assumida pela França, citou como prioridades a implementação do tratado simplificado, prometendo iniciativas "pragmáticas e ambiciosas" e a "renovação" da relação da França com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Ele destaca ainda os objetivos em favor do desenvolvimento de uma Europa da Defesa "eficaz" e avanços em temas que "preocupam os europeus", entre eles o meio ambiente e a energia.

A intenção é "afirmar melhor nossa solidariedade mediante a crescente interconexão das redes e nossa independência, com o desenvolvimento sistemático da diversificação de produções e provedores", explicou Sarkozy.

Sobre a imigração, quer que os 27 países do bloco adotem um "pacto europeu definindo grandes princípios, fixando objetivos, como um regime europeu de asilo, e aplicando meios de ação comuns".

Na agricultura, pretende buscar um acordo sobre os princípios que permitam uma verdadeira mudança da Política Agrícola Comum (PAC) para depois de 2013.

Sarkozy disse que a UE também deverá assumir mais suas responsabilidades internacionais, do desdobramento da operação Eufor no Chade em fevereiro ao Kosovo.

Para ele, o bloco europeu terá que promover na província sérvia "a unidade e com firmeza a única solução praticável: a que está sobre a mesa", em referência implícita à independência supervisionada do Kosovo, de maioria albanesa.

O presidente francês acrescentou que este ano será também o do lançamento de "um grande projeto de civilização, a União pelo Mediterrâneo", que espera que gere seus primeiros projetos na cúpula de julho em Paris.

Esta "grande ambição" será facilitada se 2008 for o ano da criação do Estado palestino, disse Sarkozy, que viajará ao Oriente Médio ainda no primeiro semestre para pedir aos líderes israelense e palestino que "se arrisquem pela paz".

O Líbano não foi esquecido, que "agora" deve sair da crise, "uma crise que não acaba porque é alimentada a partir do exterior", disse Sarkozy, em alusão à Síria.

Ao Irã, pediu "firmeza" e "diálogo" para que volte à mesa de negociações sobre seu programa nuclear e diminua as tensões entre sunitas e xiitas, "do Iraque ao Líbano".

Sarkozy, que na próxima semana receberá em Paris o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou que a França acolherá a conferência internacional de doadores para o Afeganistão.

Ele pediu ainda reformas para dar maior poder aos grandes países emergentes no Conselho de Segurança da ONU, no Grupo dos Oito (G8, os sete países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia) e no Fundo Monetário Internacional (FMI).




Fonte: EFE

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