Bandidos não respeitam nem mesmo a proximidade com as sedes dos três poderes; PM tem conhecimento do problema e já ampliou o efetivo no local
Centro Político vive onda de furtos a carros

Uma onda de arrombamento e furto no interior de veículos parados nos estacionamentos e nas ruas do Centro Político Administrativo (CPA), onde fica o Palácio Paiaguás, sede do Governo de Mato Grosso, preocupa servidores, visitantes e profissionais dos mais diversos ramos de atividade que buscam informação ou algum serviço ofertado pelo poder público. 

 

Não há um levantamento sobre o número de ocorrências, mas a própria Polícia Militar (PM) reconhece que os casos têm sido frequentes. Porém, afirma que intensificou o policiamento na região. “[Os furtos] Estão mais constantes. Pelo menos uma vez por semana, mas estamos reforçando com mais uma dupla de policiais”, disse o comandante da Companhia Independente de Polícia Militar de Segurança Institucional, major Wangles dos Santos Lino. 

 

Além do Palácio Paiaguás, o CPA abriga a maioria dos órgãos estaduais como as secretarias de Comunicação (Secom), de Meio Ambiente (Sema), Saúde (SES), Segurança Pública (Sesp), Administração (Sad) e outros poderes como a Assembleia Legislativa (AL), Tribunal de Justiça (TJ), Tribunal de Contas (TCE) e Ministério Público. 

 

Pelo local não são raros os relatos de servidores que já foram ou que conhecem alguém que já teve o veículo arrombado. "Há quatro meses ladrões levaram o som de um carro que estava parado no estacionamento da Sema", relata um servidor que preferiu não se identificar. 

 

Há 15 dias, a jornalista Soraia Ferreira, que trabalha na Assembleia, teve o seu carro, um Peugeot 207 arrombado por ladrões. De dentro do veículo, eles levaram o som, máquina fotográfica semi-profissional, além de peças de roubas, que seriam doadas e que estavam no porta-malas. “Arrombaram o vidro da porta do passageiro e ainda tiveram tempo de vascular o carro. São audaciosos, certos da impunidade”, lamentou. 

 

Soraia conta que costuma deixar o carro, praticamente o dia todo, no estacionamento compartilhado entre os servidores da Assembleia Legislativo e do Governo. O espaço, inclusive, fica nos fundos da sede do Palácio do Governo. “Como há ronda policial, a gente acredita que há uma maior segurança, mas não é assim que o bandido pensa”, comenta. 

 

Após o fato, Soraia reconhece que a sensação de impotência e de insegurança é grande. “São nessas horas que você sente que está vulnerável”. Entre o conserto da porta e os objetos levados, a jornalista teve um prejuízo de pouco mais de R$ 2 mil. 

 

Por situação semelhante também passou o jornalista Marcos Lemos, que atua na área de Política. Consequentemente, está todos os dias no Centro Político Administrativo e como muitas vezes não encontra vaga nos estacionamentos, acaba deixando o veículo na via pública, em frente à sede do Paiaguás. 

 

Foi justamente neste local, que há pouco mais de uma semana, os ladrões quebraram o vidro da porta do passageiro do seu carro, um C4 Pallas. Do interior do veículo, os bandidos furtaram dois notebooks, um celular e uma máquina fotográfica. Para piorar a situação, no dia choveu molhando o interior do carro. 

 

“O carro estava exatamente na frente do Palácio do Governo, a 10 metros do Poder Judiciário e próximo da Assembleia Legislativa. Se no meio dos três Poderes não há segurança, onde vai haver?”, questiona. 

 

Nos três Poderes, lembra Lemos, as áreas de segurança com vigias ou mesmo guaritas com policiais militares estão reservadas ao Chefe do Executivo Estadual, juízes, desembargadores e deputados. "Você fica preocupado, não tem como não ficar. Muita gente frequenta o local e não dá para você ficar verificando seu carro de 10 a 15 minutos. Há uma falsa impressão de segurança", lamenta. 

 

Nos dois casos acima ninguém foi detido. Mais sorte teve a assessora Itimara Figueiredo, que há cinco anos ladrões tentaram abrir o carro dela como uma chave micha. Porém, os bandidos foram pegos em flagrante por policiais militares. "Ao mesmo que fiquei preocupada fiquei aliviada ao ver os arrombadores, com 16 e 17 anos, na viatura", comentou.