Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quinta - 17 de Janeiro de 2008 às 07:29
Por: Eduardo Cucolo

    Imprimir


A escassez de água nos reservatórios brasileiros e a disparada de preços no mercado livre de energia podem pesar no bolso do consumidor brasileiro em 2008.

A expectativa de alguns integrantes do setor energético é que ocorra repasse para as tarifas na data do reajuste anual de algumas distribuidoras. Isso vai depender, no entanto, do consumo registrado por empresa durante esse período.

A alta dos preços para as empresas já pode ser observada no mercado livre de energia, uma espécie de câmara de compensação do setor. Os principais clientes do mercado livre são os chamados “consumidores livres”: grandes empresas, shoppings, supermercados, redes de varejo e bancos, entre outros.

O preço da energia comercializada nesse mercado vem subindo desde o final de dezembro, quando aumentou o risco de falta de energia no país.

Na última semana, o valor do MWh atingiu o teto de R$ 569,59. Pelas regras do setor, não se pode vender energia acima desse valor nesse mercado.

A última vez em que o preço atingiu o teto foi durante o racionamento de energia de 2001/2002. Na época, o limite era de R$ 684. Para se ter uma idéia do que esses valores representam, o preço mais alto alcançado após o racionamento, em um mês de janeiro, foi de R$ 28,64, em 2006.

Como funciona

O governo obriga as distribuidoras a comprar das empresas geradoras toda a energia que têm previsão de entregar aos consumidores, por um preço fixado em leilões.

Um aumento de consumo acima do previsto, no entanto, pode obrigá-las a comprar a diferença pelo preço praticado no mercado livre. Esse gasto extra é que pode ser repassado ao pequeno consumidor na data do reajuste anual das tarifas.

Em outras empresas, pode acontecer o contrário: se o consumo for menor que o previsto, é possível lucrar com a venda dessa energia excedente, o que pode reverter a favor do consumidor.

“Como esse preço está muito alto e deve haver um rateio da energia termelétrica a mais que está sendo gerada, há uma tendência de que no reajuste anual haja uma pressão para cima das tarifas”, diz a diretora executiva da Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE), Silvia Calou.

Reajuste de tarifas

Outro problema é o uso de usinas termelétricas (que produzem energia mais cara e mais poluente que a hidrelétrica) para compensar a queda no nível dos reservatórios, o que vem acontecendo desde dezembro.

A principal região atingida pela seca é o Nordeste, onde os reservatórios ficaram em dezembro cerca de 60% abaixo do registrado no ano anterior, com apenas 26,7% da sua capacidade (veja gráfico abaixo). No Sudeste/Centro-Oeste, o nível chegou a 46,2%.

“Esse aumento de preço é decorrência direta do nível dos reservatórios, de você ter de operar mais usinas termelétricas”, diz Paulo Toledo, diretor da empresa de comercialização Ecom Energia. “O preço hoje está no teto. Isso não havia acontecido desde a época do racionamento.”

Ele diz esperar que os preços caiam com a chegada das chuvas, mas não para os mesmos níveis registrados no ano passado. Sobre o impacto nas tarifas, o diretor da empresa acredita que ele deva ser diluído com outros custos, devido ao alto nível de contratação das distribuidoras. Os efeitos para os consumidores livres também devem ser pequenos. “A maioria dos consumidores vai passar sem problemas.”

Racionamento

O vice-presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Marcos Vinícius Gusmão, lembra que o consumidor residencial ainda paga na sua conta de luz um encargo destinado a cobrir os prejuízos do racionamento de 2001. É a chamada Recomposição Tarifária Extraordinária (RTE), que vem discriminada na fatura mensal.

“Nós nem pagamos a conta do primeiro racionamento e já estamos falando de um segundo”, diz Gusmão.

Em relação aos grandes consumidores livres, são poucos os que estão sem contrato, segundo o vice-presidente da Abrace.

“Um número pequeno de nossos associados estão expostos. Mas alguns desses consumidores, daqui a um tempo não terão contratos, e, com esse preço, você não tem mais energia no mercado para comprar”, diz.

O diretor de relações institucionais da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Maurício Corrêa, diz que o pequeno consumidor também pode ser atingido de forma indireta, com o repasse da alta de energia para os preços da indústria e do varejo.

“Aqueles grandes consumidores industriais que têm de contatar essa energia vão pagar um preço mais caro e isso vai para o produto final.”





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/190060/visualizar/