Juiz rejeita oferta de US$ 40 milhões pela extradição de Abadia
A procuradora-geral da República Thamea Danelon afirmou, no início da tarde desta quarta-feira (16), que a Justiça não aceitou o acordo proposto pela defesa do megatraficante colombiano Juan Carlos Abadia. Ele esteve durante três horas em audiência na 6ª Vara Criminal Federal, no Centro de São Paulo, para tentar selar um acordo em que oferecia de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões mais informações em troca de benefícios.
De acordo com a procuradora, apesar de o Ministério Público Federal ter concordado com alguns pedidos do megatraficante, como a extinção da pena da esposa dele - que responde por lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e formação de quadrilha -, e não ter se oposto à extradição aos Estados Unidos, o juiz Fausto de Sanctis rejeitou todas as propostas.
O megatraficante havia solicitado também a transferência dele para um presídio de São Paulo, mas a Promotoria não concordou por questões de segurança. Em troca, além do dinheiro, Abadia ofereceu os nomes de três comparsas que estão no exterior e iriam se entregar à Justiça americana, além do nome de um outro comparsa que ainda está no Brasil.
Thamea explicou que a Justiça não concordou com o acordo porque ele deveria ter ocorrido de maneira formal e ter sido homologado. O advogado de defesa Luiz Gustavo Bataglim Maciel não deu detalhes do que Abadia ofereceu à Justiça, mas explicou a decisão. "O juiz entendeu que não poderia conceder esses benefícios previamente por escrito", afirmou. A procuradora da República lamentou a rejeição das propostas do megatraficante.
"Acho que esse dinheiro poderia ter destinações sociais. Seria um valor que a sociedade brasileira não poderia abrir mão porque ele não estava pedindo em troca a soltura dele ou absolvição. A mulher dele estava clandestina no país. Ela sendo solta, será deportada. Não vejo nenhum prejuízo para a sociedade", afirmou.
Abadia deve voltar ainda nesta quarta-feira para o presídio de segurança máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. De acordo com a procuradora, a defesa pode recorrer da decisão. O advogado de Abadia disse que ainda vai analisar a possibilidade de recurso.
Em outubro do ano passado, o juiz federal Fausto de Sanctis tinha negado delação premiada ao megatraficante, alegando que o benefício “pressupõe o pagamento de indenização ou recuperação do produto do crime, não havendo nenhuma manifestação neste sentido" no caso do colombiano.
Apreensões
A partir da prisão do traficante em agosto de 2007, foram apreendidos no Brasil o equivalente a R$ 6 milhões em dinheiro, além de um iate, fazendas e mansões. Parte do patrimônio milionário foi a leilão neste mês.
Mas a Policia Federal, até agora, procura mais de US$ 100 milhões que Abadia guardava dentro de um carro na garagem de um prédio em São Paulo. Esse veículo desapareceu. Não se sabe se é parte desse dinheiro que o traficante agora quer entregar para a Justiça.
Nos EUA, o colombiano responde por crimes ainda mais graves, como tráfico internacional, corrupção e assassinatos, inclusive de policiais. Abadia acredita que quanto antes pisar em solo americano mais rápido vai conseguir negociar uma eventual redução da pena, entregando bens e ainda mais dinheiro.
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