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Economia
Segunda - 14 de Janeiro de 2008 às 18:34

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O câmbio valorizado, que vem prejudicando as exportações brasileiras nos últimos anos, não impediu o crescimento do setor calçadista nacional. Em Franca, no interior de São Paulo, as exportações do setor chegaram a representar 30% das vendas do setor calçadista. Em 2007, essa proporção chegou a 18%. Ainda assim, o setor registrou crescimento de cerca de 10% no ano passado.

A estratégia da indústria é apostar nos produtos de maior valor agregado como forma de compensar a perda de competitividade: "O Brasil é o herdeiro natural dos sapatos italianos", diz Jorge Donadelli, presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (SindiFranca).

"Em três ou quatro anos, será o sapato mais famoso do mundo", acredita. Donadelli participou nesta segunda-feira (14) da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro que acontece em São Paulo.

Valor médio

Segundo Donadelli, as indústrias de Franca – hoje o maior pólo produtor de calçado masculino do país, responsável por US$ 131,3 milhões em exportações em 2007 – têm investido na qualidade do calçado, em detrimento do volume de produção. Com conseqüência, o valor médio do calçado vendido, de US$ 15, hoje chega a US$ 25.

"Estamos buscando alternativas para a política cambial. Estamos tendo sucesso nesse sentido, procurando setores que não enfrentam concorrência com a China", diz Donadelli.

O presidente do SindiFranca diz que o setor se sente desamparado pelo governo, mas não acredita que o dólar – hoje na casa dos R$ 1,75 – caia abaixo de R$ 1,50. "Quando começar a atrapalhar os grandes, o governo vai se mexer", diz.

Para as indústrias, o mercado interno tem absorvido as perdas com as exportações. "Sentimos a alta do dólar como todo mundo, mas não tivemos queda", diz Alexandre Sá Pereira, diretor da fabricante Via Uno. "Deixamos de crescer tanto quanto queríamos, mas também não perdemos."

Segundo Sá, as vendas da empresa, que atingiram 3 milhões de pares em 2007, cresceram 5% no ano passado para o mercado interno, mas ficaram estagnadas em relação às exportações. "O dólar barato tira a competitividade do nosso produto", lamenta.

Fabricantes menores, como a Uza, de Jaú, no interior de São Paulo, que mantêm o foco no mercado nacional, têm obtido resultados melhores. Segundo a diretora da marca, Patrícia Cardoso, as vendas cresceram 52% de um ano para outro. "O mercado interno absorve toda a nossa produção", diz ela. As exportações respondem por menos de 1% da produção da empresa.

"Nosso foco é um produto com valor agregado mais alto, um mercado que ainda tem carência e que os importados não suprem", afirma Patrícia.

Oriente Médio

O mercado do Oriente Médio é outro 'trunfo' do setor. Há cerca de 20 anos, as indústrias de Franca já exportam para a Arábia Saudita. A disparada da renda nos Emirados Árabes, no entanto, fez aumentar a procura por produtos de qualidade.

Em parceria com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), as fabricantes estão ampliando suas exportações para esses locais. "Eles estão começando a comprar pequenas quantidades, mas deve crescer", diz Donadelli.




Fonte: G1

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