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Cidades/Geral
Segunda - 14 de Janeiro de 2008 às 15:42
Por: André Pozetti

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Compareci à posse de Luiz Soares como secretário de Saúde de Cuiabá nesta segunda-feira. Fui por dever moral. Pertenci à equipe do Luizinho por um período quando ele foi titular da mesma pasta na administração passada. Sou testemunha presencial da atitude republicana de Luiz Soares na gestão da saúde pública de Cuiabá. Estive na sua posse também por uma razão de cidadania. Como cidadão cuiabano, penso que não haveria melhor escolha para o cargo, a menos se ele tivesse sido nomeado em 1º de dezembro de 2005.

Além de republicano, Luiz Soares, embora não tenha formação na área médica, é sanitarista. Ser ou não ser sanitarista é uma opção ideológica. E ele a fez, seguindo o exemplo do maior líder da saúde pública de Mato Grosso, quiçá do Brasil, Júlio Muller.

No período em que foi secretário da primeira vez, Soares revolucionou a gestão do SUS em Cuiabá com essas duas características. Na dimensão republicana, elevou a transparência como valor essencial da gestão da saúde pública no município. Abriu a caixa preta dos números, distribuiu cópias da movimentação financeira para a opinião pública e formadores de opinião, extinguiu o corporativismo que grassava entre alguns guetos profissionais que se formaram na estrutura do sistema.

Na dimensão sanitarista, humanizou o sistema. A começar pela arquitetura das novas unidades construídas em sua gestão, bem como as que foram reformadas, tornando-as mais confortáveis aos usuários, inclusive com a adoção de varandas devido ao forte calor de Cuiabá.

Em ambos os casos, as mudanças provocaram muitos ruídos. No começo, pela inquietação que todo processo de mudança provoca. Mas, com o tempo, aqueles guetos referidos acima começaram a se articular para boicotar a nova gestão. Para o bem da população cuiabana, sobretudo a de baixa renda, que tem no SUS sua única alternativa de tratamento de saúde, o bem triunfou e a gestão Luiz Soares conseguiu consertar o caos que a saúde municipal vivia até então.

A política, todavia, tem sua própria lógica, que nem sempre é a lógica do bem. Apesar de seu partido ter vencido as eleições, por fatores outros Luiz Soares não foi mantido no cargo. Seu brilhante trabalho sofreu solução de continuidade, e hoje ele é novamente convocado para tentar impedir que o caos volte a dominar o sistema.

Pessoalmente, penso que Luiz Soares terá, agora, condição de dar respostas ainda mais significativas para o SUS de Cuiabá. Primeiro, porque não sofrerá pela inexperiência da primeira vez. Certamente, já tomou posse ontem sabendo os caminhos que deverá percorrer para arrumar a casa. E, segundo, porque Luiz Soares está mais sereno e equilibrado. Ele próprio disse ontem aos que foram assisti-lo assumir a tarefa que quem estava sendo empossado era o “Luizinho paz e amor”.

Quebrarão a cara, porém, aqueles que esperam um Luiz Soares menos criterioso e mais flexível com o zelo da coisa pública. Pessoas como o Luiz são radicais na defesa de seus princípios. E princípio é aquilo que não se negocia. E que bom que Luiz Soares nutre princípios tão nobres e tão escassos hoje em dia na administração púbica, de respeito absoluto pela res pública, pela coisa do povo.

Penso que, para ter aceito o convite de Wilson Santos, Luiz Soares deve ter exigido do prefeito o mesmo que exigiu de Roberto França: autonomia para tocar o sistema com transparência e pelo princípio do sanitarismo. Portanto, deixem o homem trabalhar.

ANDRÉ POZETTI é advogado militante em Cuiabá. E-mail: pozetti@terra.com.br





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