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Economia
Sábado - 12 de Janeiro de 2008 às 09:13
Por: Gustavo Casadio/Direto de São

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O Nano, carro lançado pela montadora indiana Tata Motors na última quinta-feira como o "mais barato do mundo", custaria cerca de R$ 14 mil se fosse importado para o Brasil. A conta foi feita pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). Segundo a entidade, o carro, que será vendido por US$ 2,5 mil (cerca de R$ 4,3 mil) na Índia a partir do final de 2008, teria acrescido em seu preço frete, seguro e impostos ao chegar ao Brasil, o que encareceria em cerca de três vezes o preço praticado no seu país de origem. No Brasil, o carro mais barato vendido atualmente é o Fiat Uno, por R$ 22,9 mil.

De acordo com a Abeiva, do valor do carro seria acrescido aproximadamente US$ 200 (R$ 350) por custos com frete e seguro. Assim que o veículo fosse desembarcado no País, do preço já com frete e seguro, seria aplicada uma alíquota de 35% a título de imposto de importação, o que deixaria o preço do carro em cerca de R$ 6,2 mil. Os outros R$ 7,7 mil seriam provenientes da aplicação de tributos como IPI, PIS, Confins e ICMS.

Além do preço, não tão atraente como o praticado na Índia, especialistas acreditam que o Nano teria que superar alguns obstáculos para fazer sucesso no Brasil. O professor de engenharia mecânica automobilística da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) Ricardo Bock diz que o carro não cairia no gosto do motorista brasileiro.

"É uma questão de status, de cultura. É um bom projeto para ser utilizado na Índia, para substituir os triciclos que eles têm por lá. Mas o brasileiro não compraria um carro como este". Bock comparou o projeto do Nano com o do BR 800, um carro pequeno, lançado pela Gurgel no País no final dos anos 1980. Assim como o Nano, o carro nacional possuía um motor de dois cilindros.

Já o coordenador do curso de engenharia mecânica da Universidade Mackenzie, Antonio Gonçalves de Mello Jr., compara a possível importação do Nano ao fenômeno da marca russa Lada no Brasil. "A vinda desses carros poderia ter um grande impacto no começo, mas depois viraria o que virou o Lada, que hoje é encontrado em muitos desmanches".

Apesar de elogiarem o projeto do Nano, ambos afirmam que o carro poderia ter algumas características melhores, embora pudessem pesar no custo do veículo.

"Ele poderia ser mais econômico. Se ele roda 20 quilômetros por litro de gasolina, existem outros modelos de outras fabricantes que também chegam perto disso. Eles poderiam ter investido mais", disse Mello.

"Não sei se ele atenderia às normas brasileiras em relação à emissão de poluentes", disse Bock, que acredita que o maior ganho em termos de economia obtido pela Tata Motors foi com gastos com engenharia. "A engenharia responde por cerca de 60% dos custos do projeto de um carro".

Embora o sucesso do projeto seja incerto fora da Índia, outras montadoras já trataram de anunciar planos parecidos. A Volkswagen afirmou nesta semana que, nos próximos dois anos, lançará dois automóveis com os valores mais baixos já oferecidos pela empresa. O jornal americano The New York Times noticiou também nesta semana que a Ford vai aumentar investimentos na Índia para produzir um compacto para mercados em desenvolvimento.

O Nano começa a ser vendido no final do ano na Índia, de acordo com a montadora. A Tata Motors não tem planos de exportar o veículo.





Fonte: Redação Terra

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