Petrobras diz ter plano de contingência para uso de gás
"Nós já temos um plano de contingência pronto, que pode ser deflagrado em vários níveis, sem prejuízo das operações de refino e da produção de derivados da empresa", confirmou o diretor da Petrobras. "Não há nenhum problema em termos que acionar esse programa."
O plano, lembrou o executivo, foi acionado, pela primeira vez, em 2006, quando um acidente com o gasoduto Bolívia-Brasil, provocado por manifestantes bolivianos, determinou a suspensão das importações de gás natural daquele país. Na ocasião, a produção foi retomada em menos de um mês, sem maiores problemas para o abastecimento do mercado brasileiro. Costa só não soube precisar, no entanto, qual a quantidade de gás consumida pelas refinarias da estatal, assim como o percentual que poderá ser substituído pela nafta.
Independentemente da confirmação da Petrobras, especialistas do setor afirmam que as três medidas anunciadas ontem, em Brasília, pelo governo só confirmam, na prática, aquilo o que o ministro Nelson Hubner tem insistido em negar: a existência de uma situação de emergência.
O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), considerou as medidas insuficientes. Apesar da oferta adicional de gás das refinarias da Petrobras, Pires se diz preocupado com a falta de um plano de contingência mais aprofundado para lidar com um possível racionamento de energia. "Se não houvesse um risco como o dito pelo ministro (Hubner), por que então publicou a resolução eliminando o despacho por ordem de mérito, no fim do ano passado? Por que mudou a curva de aversão ao risco, também?", questionou o consultor. "Esse governo não pode cometer o mesmo erro do governo Fernando Henrique, de só assumir a existência do problema depois de o barco já ter afundado".
O consultor também questionou a afirmação do ministro de que o custo de despacho das térmicas a óleo combustível não será repassado para os consumidores. Pires lembrou que tal custo será rateado por todos os consumidores do sistema, à exemplo do que já é feito na região Norte, com as térmicas do chamado sistema isolado - não vinculadas ao sistema interligado nacional. O rateio, lembrou o consultor, está previsto na resolução número 8, publicada no último dia de 22 de dezembro.
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