Governo confirma morte por febre amarela em Brasília
Apesar de outras cinco mortes terem ocorrido com suspeita da doença, só um caso, o de Graco, está confirmado como sendo de febre amarela silvestre. Outros três casos foram descartados: um em Goiás, outro em Minas Gerais e um em São Paulo.
Nesta tarde, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal disse que esperava para esta sexta-feira (11) que fosse divulgado o exame de sorologia de Graco, que poderia confrimar a doença.
A secretaria espera para a sexta o resultado do exame de sangue feito em seis macacos, de um total de 42, encontrados mortos no DF entre dezembro e janeiro deste ano com suspeita de terem a doença.
Graco, morador do Lago Norte, bairro nobre de Brasília, viajou para Pirenópolis (GO) no dia 29 de dezembro, retornando à capital federal no dia 1º. Ele se sentiu mal no dia 2, internou-se no dia 4, mas morreu quatro dias depois.
Inspeção
Uma equipe da Vigilância Ambiental esteve na manhã desta quinta-feira (11) na casa de Graco para procurar possíveis focos do mosquito, mas, segundo o secretário de Saúde, José Geraldo Maciel, nada foi encontrado. Os técnicos, no entanto, não tiveram permissão para entrar na residência da vítima. Eles apenas inspecionaram as proximidades.
"Isso é uma sinalização clara que na aérea urbana do Distrito Federal não se registra a possibilidade de febre amarela", disse Maciel. Segundo o secretário, mais de 120 mil residências já foram inspecionadas pela Vigilância entre o dia 1º de dezembro e a primeira semana de janeiro.
No entanto, a família não descarta a possibilidade de a vítima ter sido infectada antes da viagem. O irmão de Graco informou que ele queixou-se de cansaço antes de viajar.
O subsecretário de vigilância à saúde do DF, Joaquim Carlos da Silva, explicou que foram encontrados no DF 42 macacos mortos desde dezembro. Desse total, 60% estavam em avançado estado de decomposição e não foram examinados. Outros tantos foram vítimas de envenenamento, choques elétricos ou afogamento. Apenas seis estão sendo submetidos a exames.
"Em todos eles não há nenhum sinal de que morreram de febre amarela, mas é preciso aguardar os resultados. Há casos em que foram mortos por envenenamento, eletrocutados ou afogado", disse o subsecretário. O resultado da sorologia que deverá ser divulgado nesta sexta-feira será confirmado pelo exame de necropsia que demora mais para ter o resultado – entre 20 e 30 dias.
Números
A secretaria de saúde informou que até a tarde desta quinta-feira 559 mil 349 pessoas foram vacinadas contra a febre amarela no DF desde o dia 29 de dezembro. "Foi maior que a nossa expectativa, mais que o dobro", disse Maciel.
A previsão era de que 240 mil pessoas fossem vacinadas, já que ainda não haviam recebido a dose nos últimos 10 anos. Mas o número foi bem maior porque, segundo o secretário, centenas de pessoas se vacinaram mesmo estando imunizadas.
A vacina contra a febre amarela é válida por 10 anos. Doses extras chegaram ao DF. Na quarta-feira foram 250 mil e para esta sexta-feira há mais 100 mil. Só nesta quinta-feira foram vacinadas entre 55 mil e 65 mil pessoas, de acordo com o secretário.
Duzentos homens do Exército serão treinados para trabalharem no combate ao foco do mosquito da dengue, Aedes aegypti, que também é o transmissor da febre amarela.
Urbana e silvestre
A principal diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre é que, nas cidades, o transmissor da doença é o mosquito Aedes aegypti, enquanto em áreas de matas, florestas e beiras de rios, os transmissores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes.
A febre amarela silvestre raramente acomete humanos e os macacos são seus principais hospedeiros. Os mosquitos transmissores da febre amarela silvestre só conseguem picar humanos quando estes invadem o habitat rural.
Na época de chuvas, janeiro a abril, o número de mosquitos tende a aumentar. É nessa época também que a intensificação de trabalhos agrícolas leva um maior número de pessoas a áreas com risco de transmissão.
Apesar de a febre amarela urbana estar erradicada do Brasil desde 1942, a silvestre costuma ter surtos em áreas da Bacia Amazônica, assim como em regiões da Bolívia, Peru e Colômbia.
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