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Saúde
Quinta - 10 de Janeiro de 2008 às 13:33

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Um estudo americano publicado nesta quarta-feira sugere que o uso de um novo medicamento em pacientes de Alzheimer pode aliviar alguns sintomas da doença em apenas dez minutos.

A descoberta pode abrir caminhos para novos tratamentos para pacientes que sofrem da doença.

Os cientistas americanos injetaram o medicamento etanercepte na espinha de um paciente de 81 anos que sofre de demência em estágio avançado. Eles observaram uma melhoria significativa na memória do doente em minutos.

O etanercepte suprime a ação do fator de neurose tumoral alfa (TNF), uma substância que, em excesso, pode implicar em piora no quadro do Mal de Alzheimer e estimular o avanço da doença.

O estudo, realizado no Instituto de Pesquisa Neurológica e no Departamento de Neurologia da University of Southern California (EUA), foi publicado na edição desta semana da revista científica Journal of Neuroinflammation.

Testes

A equipe de cientistas mediu o desempenho do paciente em testes cognitivos antes da injeção.

Os resultados apontaram que o doente não conseguia lembrar o nome do médico que estava lhe tratando, o ano atual ou o Estado onde morava.

Além disso, o paciente não desempenhou cálculos simples e não conseguiu identificar mais de duas espécies de animais.

No entanto, dez minutos depois da injeção de etanercepte, os médicos observaram que o doente estava mais calmo, mais atento e menos frustrado.

O paciente lembrou que morava na Califórnia e sabia o dia da semana e do mês. Além disso, conseguiu identificar cinco animais e seu desempenho no teste de cálculo apresentou melhora.

Família

Em uma entrevista logo depois do exame, a esposa do paciente afirmou que o marido estava "de volta ao seu lugar" e que a melhora parecia "uma história de ficção científica".

"Ele não era a mesma pessoa. Eu percebi que ele estava mais esclarecido, mais organizado. Quase caímos da cadeira quando vimos o que aconteceu", contou ela.

O filho do paciente disse que a reação do pai logo após a injeção foi "a coisa mais memorável que eu já vi".

Efeito placebo

Apesar da surpresa da família, especialistas britânicos afirmam que o sucesso da administração do medicamento em apenas um paciente não significa que o tratamento será eficaz em todos os pacientes que sofrem de demência.

Rebecca Wood, da Alzheimer Research Trust, que patrocina pesquisas sobre a doença, afirmou que é preciso levar a pesquisa adiante para confirmar os benefícios do medicamento em pacientes de demência.

"A pesquisa é promissora e inovadora, mas está na fase inicial. É preciso desenvolver mais trabalhos na área para concluir que o etanercepto pode funcionar no tratamento para Alzheimer", disse.

"Precisamos investigar se [o medicamento] é seguro e eficaz em um número maior de pacientes, além de monitorar seus efeitos no longo prazo".

Wood alerta ainda que é preciso verificar se o efeito do etanercepto pode de fato diminuir os sintomas da doença.

"Os cientistas precisam checar se os benefícios não foram conseqüências apenas de um efeito placebo, estabelecer se eles são temporários e se a doença de fato é desacelerada pelo medicamento", afirmou Wood.

Neil Hunt, da Alzheimer Society, concorda com a necessidade de levar o estudo adiante.

"É crucial que mais pesquisas sejam desenvolvidas antes de chegar a qualquer conclusão sobre o TBF alfa e o desenvolvimento do Mal de Alzheimer", disse.





Fonte: BBC Brasil

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