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Polícia Brasil
Quarta - 09 de Janeiro de 2008 às 15:34
Por: Patrícia Araújo

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Três dos cinco imóveis do traficante colombiano Juan Carlos Abadia Ramirez colocados para venda em leilão nesta quarta-feira (9), em São Paulo, foram vendidos. O imóvel que obteve o maior lance foi a casa de Abadia na praia de Jurerê, em Florianópolis, em Santa Catarina, que tem 620 metros quadrados. O imóvel, que tinha avaliação judicial de R$ 1,5 milhão, foi arrematado por R$ 2.050.000,00, um valor 36,67% maior que o esperado.

O leilão terminou 30 minutos depois do previsto por causa do interesse dos compradores no imóvel em Jurerê. Ele começou pontualmente às 14h e estava previsto para durar 15 minutos. Mas o imóvel em Florianópolis teve 12 lances, entre compradores que enviaram propostas pela internet e no local.

Também foram arrematados o Sítio Santa Bárbara, em Pouso Algere, Minas Gerais, que tinha o lance mínimo de R$ 540 mil e foi vendido por R$ 650 mil (valor 20,37% acima da avaliação judicial) e a casa em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, que foi vendida por R$ 1,6 milhão e estava avaliada em R$ 1,1 milhão, o que levou o valor da venda a ser 45,4% acima do lance inicial.

Não foram vendidos outros dois imóveis: a casa em Aldeia da Serra (SP), onde Abadia vivia com a mulher, que foi avaliado em R$ 877 mil, e a fazenda apreendida em Guaíba (RS), que tem valor estimado em R$ 1,7 milhão. Os dois bens não receberam lances. Eles voltam a leilão em 21 de janeiro, com lance inicial depreciado em 40%. Com isso, a Justiça arrecadou R$ 4,3 milhões no leilão desta quarta-feira.

O dinheiro ficará guardado em uma conta sob jurisdição da Sexta Vara Criminal. Após o julgamento de Abadia, caso ele seja condenado, o valor é revertido para a União. Se Abadia for inocentado, o dinheiro é devolvido a ele corrigido.

Comprador

O advogado paulista Homero Machado, de 58 anos, foi o comprador da casa de praia em Jurerê. Ele foi uma das sete pessoas que estiveram presentes no leilão na Zona Oeste de São Paulo. Com o semblante tranquilo, ele disse que não se preocupou "nem um pouco"em comprar uma casa que pertenceu a um traficante. "Comprei a casa da Justiça, não de um traficante. Eu não entendo que o imóvel tenha ido dele. Ele só o possuia. Para mim, o caso é semelhante a comprar um apartamento onde o dono acabou de morrer", disse.

O advogado falou que, após a papelada do imóvel estiver no nome dele e todos os detalhes da possse estiverem resolvidos, ele viajará com as filhas para conhecer a nova casa.

Machado e os outros dois compradores do leilão desta quarta-feira deverão efetuar o pagamento à vista dos imóveis nas próximas 72 horas. Segundo Renato Moysés, leiloeiro do Instituto Nacional de Qualidade Judiciária (INQJ), após efetuado os pagamentos, o juiz deverá determinar em 15 dias a expedição da ordem de transferência dos bens.

Avaliação

Juntos, os bens foram avaliados pela Justiça em mais de R$ 5,7 milhões, segundo informações de Renato Moyses, leiloeiro responsável pelo processo. Os interessados podiam oferecer lances pelos imóveis através da internet ou pessoalmente no auditório, na Alameda Lorena, 800, 2º andar, Jardim Paulista, Zona Oeste de São Paulo.

Além dos imóveis que estão sendo leiloados, outros bens apreendidos de Juan Carlos Abadia foram disponibilizados para a sociedade. Um asilo em São Paulo, por exemplo, foi nomeado responsável por um carro até o julgamento do traficante. A Justiça autorizou as senhoras da associação São Vicente de Paulo a utilizar o carro exclusivamente nas atividades da entidade.

Rapidez

O leiloeiro explicou que os imóveis foram colocados à venda para preservar o valor do bem apreendido pela Justiça. "É um dispositivo da legislação criminal, quando se trata de tráfico de drogas, que tem o objetivo de preservar o valor de mercado. É a chamada venda antecipada."

Moyses afirmou que esse mecanismo evita que os imóveis sejam destruídos com a ação do tempo. "Um bem apreendido, por exemplo, não precisa se degradar até que a Justiça conclua todos os andamentos processuais. Se o réu for absolvido, o valor dos bens vendidos, que fica em uma conta bancária, será devolvido sem prejuízo."

Homicídios e tráfico

Além de tráfico de drogas, Abadia é suspeito de ter cometido homicídios. A polícia estima que ele montou um patrimônio de R$ 3,4 bilhões com o tráfico. O traficante era procurado pelas polícias da Colômbia, Estados Unidos, Uruguai e Brasil.

O colombiano vivia com a mulher em uma mansão em São Paulo, onde fez plásticas para modificar seu rosto.





Fonte: G1

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