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Mensagem do ex-consultor da CIA foi publicada pela "Folha de S.Paulo". Americano sugere que pode ajudar a investigar espionagem com asilo.
Em carta, Snowden diz estar limitado para falar até obter asilo permanente
O ex-consultor da CIA (Agência Central de Inteligência) Edward Snowden, acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos, afirmou em carta publicada nesta terça-feira (17) pelo jornal "Folha de S.Paulo" que a Casa Branca irá continuar interferindo em sua "capacidade de falar" até que ele obtenha um asilo permanente de algum país. Atualmente, o americano vive na Rússia, com asilo temporário de um ano.
Pivô do escândalo diplomático, o norte-americano sugere na mensagem intitulada de Carta Aberta ao Povo do Brasil que, se obtiver o benefício, pode auxiliar o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional a investigarem a espionagem de Washington a cidadãos, autoridades e empresas brasileiras.
"Muitos senadores brasileiros concordam e pediram minha ajuda com suas investigações sobre a suspeita de crimes cometidos contra cidadãos brasileiros. Expressei minha disposição de auxiliar quando isso for apropriado e legal", escreveu Snowden.
Na mensagem, o ex-funcionário da agência de inteligência ressalta que o governo norte-americano "vem trabalhando arduamente" para limitar suas declarações. "Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade de falar", enfatizou.
No texto, ele se disse impressionado pelas críticas feitas pelo Planalto ao programa de espionagem de internet e telecomunicações dos EUA em nível mundial. Ao G1, o Palácio do Itamaraty afirmou que o governo não irá se pronunciar sobre o assunto enquanto o norte-americano não oficializar o pedido de asilo.
O texto original da carta, em inglês, foi publicado nesta terça no Facebook do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, autor das reportagens que revelaram os documentos obtidos por Snowden.
Junto com a divulgação da carta, simpatizantes de Snowden publicaram no site Avaaz, página que reúne na internet uma rede de ativistas sociais, uma petição eletrônica que visa a pressionar Dilma a conceder o asilo permanente.
Espionagem contra o Brasil
Em setembro, o Fantástico revelou com exclusividade, em reportagem produzida em conjunto com Greenwald (veja o vídeo ao lado), documentos classificados como ultrassecretos que mostram que a presidente Dilma Rousseff e parte de seus assessores foram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. O Fantástico também trouxe à tona documentos que comprovam que a Petrobras, a maior empresa brasileira, também foi espionada.
Irritada com a quebra de privacidade, Dilma exigiu que a Casa Branca pedisse “desculpas” pelo episódio. No entanto, apesar de ter prometido esclarecer as denúncias, o presidente Barack Obama se recusou a formalizar o pedido desculpas. Em contrapartida, a chefe do Executivo brasileiro suspendeu viagem a Washington, em outubro.
Dilma também aproveitou seu discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no final de setembro, para condenar a postura americana. Ela afirmou diante de uma plateia de chefes de Estado que as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional e “afrontam” os princípios que regem a relação entre os países.
Ao lado da Alemanha, que também foi alvo de espionagem, o governo do Brasil apresentou à ONU, em novembro, uma proposta que prevê regras para garantir o “direito à privacidade” na era digital. Dilma também ordenou medidas para tentar "proteger" o Brasil da espionagem virtual, entre as quais a criação de um sistema de e-mails do governo federal.
Senadores brasileiros pediram ajuda a Snowden para tentar esclarecer as denúncias de que o país foi monitorado pelas agências norte-americanas. Os primeiros documentos vazados por Snowden foram publicados em junho no diário britânico "Guardian", em reportagens assinadas por Glenn Greenwald, que mora no Rio de Janeiro.
Em agosto, David Miranda ficou retido por ordem do governo britânico por cerca de 9 horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando voltava para o Rio. O brasileiro foi liberado, mas teve confiscados equipamentos eletrônicos, como celular, laptop, câmera, cartão de memória, DVDs e aparelhos de videogame
Fonte:
Do G1, em Brasília
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/1917/visualizar/
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