Real dobra em relação ao dólar no governo Lula
Foi a maior valorização frente ao dólar entre oito moedas – seis moedas latino-americanas mais o euro - estudadas pela consultoria Economática, que considerou o dólar Ptax venda (média das cotações medida pelo Banco Central) do último dia do ano como referência para cálculo no Brasil.
Neste período, o dólar vendido no Brasil passou de R$ 3,53 em 2002 para R$ 1,77 no último dia do ano passado.
Neste período de cinco anos, o dólar também perdeu valor em relação a outras moedas. O peso chileno teve uma valorização de 45% e a moeda colombiana ganhou 43% em relação ao dólar. Já o euro teve uma valorização de 28,7%.
No ano passado, a moeda brasileira subiu 20,7%, perdendo apenas para 2003, quando o real aumentou 22,3%.
Naquela época, no entanto, a alta do real deve-se principalmente à recuperação depois da forte queda às vésperas da eleição presidencial do ano anterior. No fim de 2002, o dólar estava valendo R$ 3,53.
Fatores internos e externos
Desta vez, segundo analistas, a valorização do real frente ao dólar deve-se a outros fatores.
No plano interno, se manteve valorizado com o grande fluxo de dólares que entrou no país no ano passado tanto como investimento quanto como saldo da balança comercial.
No plano externo, o dólar se depreciou com os elevados déficits comercial e de orçamento dos Estados Unidos, com a desaceleração do crescimento da economia e a redução da taxa de juros, que reduzem a rentabilidade dos investimentos no país e estimulam a aplicação em outros mercados.
Na análise econômica enviada nesta quarta-feira aos clientes, os economistas do banco francês BNP-Paribas avaliam que os mesmos fatores devem manter o real valorizado neste ano.
E acreditam que mesmo com a projeção de déficit na conta de transações correntes, o fluxo de entrada de dólares vai continuar intenso, por conta dos investimentos estrangeiros e exportações.
O Banco Central projeta um superávit comercial menor este ano – de US$ 39 bilhões em 2007 para US$ 30 bilhões em 2008 - com o crescimento das importações num ritmo maior do que o aumento das exportações.
Esta tendência é motivo de polêmica no Brasil, até mesmo dentro do próprio governo. Alguns justificam o fato como sinal de vigor do crescimento econômico, enquanto outros destacam o risco de uma substituição do produto nacional pelo importado e perda de competitividade da indústria brasileira.
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