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Internacional
Domingo - 30 de Dezembro de 2007 às 17:37

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NAUDERO, Paquistão, 30 dez 2007 (AFP) - O partido da líder da oposição paquistanesa Benazir Bhutto, assassinada há três dias, decidiu que participará nas eleições legislativas de 8 de janeiro e elegeu o filho da ex-premier, Bilawal Bhutto, para sucedê-la na chefia da formação, uma tarefa em que ele contará com a ajuda de seu pai.

Em uma caótica e emotiva coletiva de imprensa realizada em Naudero, no sul do país, reduto familiar dos Bhutto, Bilawal, um estudante de Oxford de 19 anos, declarou que vai vingar a morte de sua mãe lutando pela democracia.

"A longa e histórica luta pela democracia continuará", afirmou, em coletiva de imprensa, Bilawal Bhutto, depois de ser nomeado para suceder a mãe à frente do Partido do Povo Paquistanês (PPP).

"Minha mãe sempre disse que a democracia é a melhor vingança", afirmou.

O marido de Benazir Bhutto e pai de Bilawal, Asif Ali Zardari, que também participou na coletiva, explicou que a esposa o escolheu para sucedê-la, mas que ele preferiu delegar a função a seu filho.

O viúvo da ex-primeira-ministra será o vice-presidente do PPP, o maior partido dessa potência nuclear.

"Iremos às eleições", disse Zardari com convicção.

Bhutto deixou um testamento político que foi lido na reunião em que o PPP celebrou neste domingo. Além de passar a tarefa para o filho, o viúvo aproveitou a coletiva para pedir ao ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif que não boicote as eleições, como havia anunciado após a morte de Bhutto.

Sharif respondeu ao pedido de forma positiva e anunciou a intenção de sua formação de participar nas eleições.

Apesar da disposição demonstrada pelos dois partidos que se opõem ao poder do presidente Pervez Musharraf, ainda não é certo que as eleições acabem sendo realizadas na data prevista.

Adiar por um período de até três meses as eleições programadas para 8 de janeiro no Paquistão é uma opção "realista", conforme declarou neste domingo à AFP o porta-voz do partido que apóia Musharraf.

A Liga Muçulmana do Paquistão-Qaid (PML-Q), pilar da coalizão que é a base de apoio do chefe de Estado, "suspendeu sua campanha por causa da situação" desde a morte de Bhutto em um atentado suicida, anunciou à AFP Tariq Azim, ex-ministro e porta-voz do movimento. "Um adiamento das eleições de 10 a 12 semanas é uma opção realista", acrescentou.

O processo eleitoral ficou desfavoravelmente afetado nos últimos dias, segundo explicou a comissão eleitoral, que nesta segunda-feira realizará uma reunião de emergência em Islamabad para discutir a situação.

Os distúrbios que se seguiram à morte de Bhutto causaram a morte de outras 38 pessoas e danos de milhares de milhões de dólares.

A cólera popular aumentou quando o governo afirmou que Bhutto não morreu pelos tiros e sim porque bateu com a cabeça no teto do carro ao tentar se proteger da explosão.

O partido de Bhutto afirma que o homem-bomba atirou contra a cabeça da ex-premier antes de se explodir e pessoas ligadas a Bhutto dizem ter visto orifícios de bala em seu corpo.

O viúvo de Benazir aproveitou a coletiva deste domingo para dizer que não deu permissão ao governo para exumar seu corpo e fazer uma necropsia e pediu à ONU que investigue as circunstâncias do assassinato.

"Não autorizei que seja realizada uma necropsia. Vivi muito tempo neste país para saber como são realizadas", declarou Asif Ali Zardari.

No entanto, o viúvo não explicou qual foi sua resposta à proposta do governo de exumar o corpo de Bhutto, para pôr fim às especulações e versão desencontradas sobre as causas exatas de sua morte.




Fonte: AFP

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