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Internacional
Segunda - 24 de Dezembro de 2007 às 15:08

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Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Queen Mary, na Grã-Bretanha, estima que 53% dos brasileiros que viviam em Londres em 2006 estavam ilegais.

A pesquisa Brazilians in London (Brasileiros em Londres) investigou informações sobre a comunidade brasileira residente na capital britânica a pedido da campanha "Strangers into Citizens" ("Transformando estranhos em cidadãos", em tradução livre), uma iniciativa que prega a anistia para imigrantes ilegais na Grã-Bretanha.

O estudo, que buscou traçar uma radiografia sócio-econômica da população brasileira em Londres, analisou dados obtidos a partir de um questionário aplicado a 423 brasileiros entre os meses de setembro e outubro de 2006.

O levantamento traz informações sobre o tamanho da comunidade brasileira em Londres, traça um perfil demográfico dos imigrantes (sexo, idade e escolaridade), situação no país, por que escolheram Londres como destino, atividades que desempenham, renda e tempo estimado de permanência.

Explosão

De acordo com o último censo oficial realizado na Grã-Bretanha, em 2001, havia cerca de 8 mil brasileiros morando em Londres. Já naquela época, estimativas de instituições brasileiras com base na Grã-Bretanha afirmavam que a comunidade brasileira contaria com 15 a 50 mil pessoas.

Não existe uma atualização oficial deste número desde então, mas as estimativas feitas pelo levantamento da Universidade Queen Mary indicam uma explosão da comunidade no país. Atualmente, os pesquisadores acreditam que haja 200 mil brasileiros estabelecidos no país, sendo que entre 130 e 160 mil estariam em Londres.

Ainda de acordo com o estudo, grande parte desses brasileiros que se estabelecem em Londres chega à cidade como turistas.

Ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha não exige visto para entrada de turistas brasileiros. Uma vez em solo britânico, fica difícil para as autoridades britânicas detectarem quem ultrapassa o limite de seis meses permitido para turistas.

“Os que chegam como turistas e pretendem ficar mais tempo têm duas possibilidades: ou ficam ilegais ou pedem o visto de estudante, que lhes permite trabalhar até 20 horas por semana”, explica o relatório.

Segundo o levantamento, a estratégia do visto de estudante tem sido “amplamente usada por brasileiros”, mas com o tempo acaba se tornado uma alternativa cara.

“Como a renovação do visto é cara e ainda implica em gastos com matrículas em cursos, os brasileiros normalmente o renovam uma ou duas vezes e depois decidem ficar ilegais.”

Mercado de trabalho

O estudo projeta que 43% dos imigrantes brasileiros em Londres tem, em média, entre 31 e 40 anos. Os que têm entre 18 e 30 anos correspondem a 39,5% e os com 41 a 50 anos, a 14%. Ainda segundo o trabalho, as populações masculina e feminina estão bem equilibradas: 51,5% seriam homens e 48,5%, mulheres.

Mais da metade dos entrevistados (54%) tem o ensino médio completo, 36% chegaram à universidade, mas metade desse total não teria completado o terceiro grau.

A gama de cursos universitários citados na pesquisa pelos brasileiros entrevistados incluía administração de empresas, contabilidade, pedagogia, educação física, turismo e engenharia.

Em entrevista à BBC Brasil, Yara Evans, coordenadora do estudo e pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade Queen Mary, estima que boa parte dos graduados não está exercendo a profissão na Grã-Bretanha.

“Ficou claro que entre os que têm universidade, só uma pequena minoria consegue se encaixar no mercado de trabalho dando continuidade à carreira, mas ainda assim dizem que são mais bem remunerados que no Brasil”, disse Evans.

Ainda de acordo Evans, o estudo mostra que o que mais atrai brasileiros a Londres são as oportunidades do mercado de trabalho, aliado ao “desejo de economizar dinheiro, ajudar a família no Brasil e ganhar experiência no exterior”.

Pouco mais de um terço dos brasileiros entrevistados (38,3%) disseram estar em Londres de passagem e pretendem ficar até cinco anos na capital britânica, o que seria tempo suficiente para “guardar dinheiro e voltar para casa”.

Outros 11,3% disseram que planejavam ficar mais de cinco anos, e 11,6% manifestaram o desejo de ficar para sempre.





Fonte: BBC Brasil

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