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Economia
Domingo - 23 de Dezembro de 2007 às 11:31

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SÃO PAULO - O excelente desempenho do comércio varejista neste ano, que ampliou em quase 10% as vendas em relação a 2006, pode não se repetir em 2008. Com a perspectiva de aceleração da inflação no ano que vem e de uma política monetária mais apertada, o comércio poderá perder o principal motor do crescimento das vendas: a queda na taxa de juros.

Um estudo que acaba de ser concluído pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), em parceria com a consultoria Canal Varejo, revela que o recuo na taxa de juros ao consumidor é mais importante do que o alongamento de prazos do crediário e do que o aumento da renda na ampliação das vendas no varejo.

Uma série histórica de 7 anos, de junho de 2000 a junho de 2007 - que reúne dados de vendas do comércio apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de juros e prazos dos financiamentos do Banco Central (BC) e da renda do trabalhador medida pela Fundação Seade -, mostra que, para a queda de 1 ponto porcentual nas taxas de juros ao consumidor, a venda no comércio cresce 0,5%. No caso de aumento de 1% no prazo do crediário, a receita do comércio cresce 0,2%.

O aumento da renda tem um efeito ambíguo nas vendas, observa o coordenador do estudo, Cláudio Felisoni. Num primeiro momento, diz ele, essa expansão amplia as vendas do comércio. Mas, num segundo momento, tem um impacto explosivo no endividamento, o que reduz o potencial de consumo a médio prazo. De acordo com o estudo, para 1% de aumento da renda, o endividamento cresce 1,7%, se forem mantidos os prazos de pagamento e as taxas de juros.

Soluço

Em outubro, por exemplo, houve um soluço no ritmo de vendas na comparação com o mês anterior. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, houve um ligeiro recuo de 0,2%, já descontados os efeitos sazonais. ?Acendeu o sinal amarelo?, diz Felisoni. Mas, na comparação com o mesmo mês do ano passado e o acumulado de janeiro a novembro, o acréscimo foi de 9,6%.

Para ele, o resultado pode indicar que as vendas a prazo não se sustentarão por muito tempo. ?O fôlego pode ser curto, levando-se em conta que o ritmo acelerado das vendas no varejo é mais influenciado pela queda dos juros, e não pelo aumento da renda, como diz o governo.?

Coincidência ou não, o soluço em outubro foi exatamente quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu interromper uma seqüência de 18 quedas consecutivas na taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 11,25% ao ano. Na época, o recuo foi atribuído à elevação dos preços dos alimentos, que fez o consumidor reduzir as compras nos supermercados.




Fonte: AE

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