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Nacional
Domingo - 23 de Dezembro de 2007 às 09:12

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São Paulo - A morte do lutador Ryan Gracie na cela de uma delegacia em São Paulo, no dia 15, trouxe à tona a questão da dependência química, um problema que afeta famílias de todas as classes sociais. Herdeiro do sobrenome mais importante da história do vale-tudo e do jiu-jítsu no mundo, Ryan tinha tudo para ser um campeão de sucesso e poderia aos 32 anos estar no auge de sua carreira. Não estava por causa das drogas. Há um ano e meio, a família tentava ajudá-lo a largar a cocaína. “Ele não queria se tratar”, comenta a economista Andrea Correa, viúva de Ryan. “Dei todo amor que podia e não há dor maior do que ver a pessoa que se ama não se realizar.”

Três dias depois do trágico fim do lutador, em Rolândia (no Paraná), um adolescente de 16 anos viciado em crack virou assunto nacional porque sua mãe, auxiliar de produção numa metalúrgica, resolveu mantê-lo em casa trancado e acorrentado. Era uma atitude desesperada para conseguir protegê-lo das drogas e dos traficantes. Viciado há quatro anos, ele foi preso várias vezes, uma delas, por perambular de cueca na rua depois de trocar as roupas do corpo por drogas.

“A família fica muito perdida quando passa por uma situação dessas” , diz o psiquiatra Marcelo Niel, da Unidade de Pesquisa de Álcool e Droga (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo. “Tolerância e rigidez em exagero são posturas que me preocupam.” Segundo o especialista, um dependente químico precisa muito do apoio da família para se recuperar.

“Não é apenas o paciente que precisa de tratamento. A família deve procurar apoio terapêutico para aprender a lidar com o problema da forma mais eficiente”, diz a psiquiatra Sandra Scivoletto, coordenadora do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas. “Cabe à família dar limites. Ela deve deixar o paciente sentir as perdas provocadas pela droga. Não dá para carregar no colo.”

A dependência química é uma doença crônica e o tratamento se estende pela vida toda. Mesmo as histórias de sucesso - sim, há pacientes que conseguem dar a volta por cima - são recheadas com períodos de recaídas. “Minha mãe teve papel decisivo na minha recuperação”, diz o estudante Maurício Cotrim, de 30 anos, na época com 18. “Depois de seis meses limpo (sem consumir drogas), sofri uma recaída, que durou cinco meses. Minha mãe disse que, se eu não largasse as drogas, teria de sair de casa e colocou minhas coisas na rua. Fui para o NA (Narcóticos Anônimos).” Há dez anos em tratamento, Cotrim trabalha hoje como voluntário do NA. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo




Fonte: Assessoria

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