Natal do crédito deixa conta para 2008
Para a prestação caber no bolso, o varejo tem oferecido variadas opções. Há parcelas a perder de vista, que ainda estarão sendo pagas nos próximos Natais, e o crediário em prazos reduzidos para evitar, por exemplo, que o custo da ceia se torne indigesto.
O volume total de crédito para o consumidor atingia em outubro R$ 234,8 bilhões. O valor representa um crescimento de 22,4% no ano e de 24,2% em relação a outubro de 2006, segundo a Associação Nacional das Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com base nas informações do Banco Central (BC). "Sem dúvida, a oferta de financiamento cresceu muito e pode subir mais em 2008. O crédito no Brasil representa 34% do PIB, pouco na comparação com outros países", diz o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.
Ao menos por ora, o endividamento excessivo e a sombra da inadimplência não são vistos como ameaça. "O cenário para 2008 continua favorável para o consumo. O aumento do endividamento só seria perigoso se houvesse a perspectiva de crescimento do desemprego", diz Oliveira. Além disso, pondera, o crédito no Brasil não cresce à base do risco excessivo pois os bancos estão mais criteriosos na concessão.
"A soma da dilatação dos prazos, com a confiança do consumidor na economia e a redução dos preços, principalmente de eletroeletrônicos, explica o boom do crediário", diz o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores. Ao avaliar o grau de endividamento do consumidor, ele observa que este ano, até o mês de outubro, o comprometimento da renda com prestações de crediário é até menor do que em 2006.
"No fim do ano passado, o endividamento representava 25,5% da renda e neste ano está correspondendo a 24,9%." A queda pode ser explicada justamente pela ampliação dos prazos. "A redução do valor das parcelas diminui o comprometimento mensal com o pagamento das prestações."
O prazo médio de financiamentos este ano, segundo o BC, foi de 13,3 meses entre janeiro e outubro, e deve fechar em 14 meses neste fim de ano, estima a LCA. Em 2006, era de 11,2 meses.
Mas não adianta o comércio ampliar prazos, observa Borges, se não há confiança do consumidor no futuro. "Ele precisa acreditar que continuará empregado e com renda suficiente para pagar dívidas." O índice de confiança do consumidor, captado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo, em novembro foi de 137, o maior em três anos.
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